Caracterização da atividade antibacteriana e antiviral frente ao vírus chikungunya de extratos e compostos isolados de Tontelea micrantha (Celastraceae)
Antimicrobianos, bactérias patogênicas, sinergismo, Antiviral, CHIKV, virucida, extratos, plantas, compostos.
Paralelamente ao vasto uso empírico de plantas medicinais por diferentes culturas, sua diversidade bioquímica e metabólica sempre despertou interesse na comunidade científica quanto à possibilidade de diferentes ações biológicas em prol da saúde humana e animal. A esse respeito, destacam-se pesquisas envolvendo prospecção de antimicrobianos, como antibacterianos, antivirais e antifúngicos. O presente estudo avaliou o potencial antibacteriano dos extratos e compostos derivados de Tontelea micrantha frente a um grupo de bactérias e ao vírus Chikungunya. Bactérias pertencentes aos gêneros Staphylococcus, Bacillus e Klebsiella têm evidenciado resistência aos antibióticos convencionais, e foram utilizadas como alvo na primeira parte do estudo. As concentrações inibitórias mínimas (CIM) e bactericidas mínimas (CBM) foram determinadas, e os extratos clorofórmico e hexânico de raízes de T. micrantha mostraram significativo potencial, com CIM variando de 4,8 a 78 µg/mL e CBM de 312 a 2500 µg/mL. O estudo de mecanismos de ação indicou que a permeabilidade não é o alvo primário da ação. A combinação dos extratos com o aminoglicosídeo estreptomicina foi sinérgica, reduzindo a concentração efetiva necessária e mitigando possível efeito citotóxico. Na abordagem antiviral, o vírus Chikungunya (CHIKV) foi utilizado face a sua relevância atual e à inexistência de antivirais licenciados. Nesse foco, foi avaliado um conjunto de oito extratos quanto a/o (i) citotoxicidade frente às células de mamífero, Vero; (ii) concentração efetiva protetiva para 50% das células infectadas pelo CHIKV (CE50); (iii) inibição na produção de vírus; (iv) inibição do efeito citopático viral (ECP), e (v) efeito na expressão gênica viral. Dentre os extratos avaliados, EAEF (Aceto-etílico) e EMF (Metanólico), derivados de folhas de T. micranta, se mostraram mais promissores, com índices de seletividade (IS) de 12,50 e 8,16, respectivamente. EAEF e EMF também mostraram inibição significativa da multiplicação do CHIKV e do efeito citopático nas concentrações de 125 e 31,25mg/mL, respectivamente. Quanto a possíveis mecanismos de ação, potente atividade virucida foi verificada para EAEF e EMF, ou seja, afetam diretamente a partícula viral, mas também podem agir ao longo do ciclo multiplicativo viral. Quando adicionados em diferentes horas após a infecção (hpi), EAEF afetou a produção de vírus se adicionado até 12hpi, enquanto EMF foi efetivo se adicionado até 24hpi. EAEF e EMF inibiram drasticamente a expressão do RNA viral. Nas etapas adsorção e penetração do vírus na célula, a ação de EAEF e EMF foi observada ainda que em concentrações mais altas. Nossos resultados indicam que extratos provenientes de diferentes partes da planta T. micrantha apresentam também potenciais diferentes na inibição de bactérias e vírus, tendo se mostrado extremamente promissores para o desenvolvimento de novos agentes antibacterianos e antivirais.