Esta pesquisa busca mapear os processos de produção de realidades de membros da comunidade
digital no Facebook intitulada Vacinas: O lado obscuro das vacinas. Para isso, identificamos
as entidades que se mostraram mais influentes e importantes pelas quais os membros se
associaram. Em seguida, buscamos construir formas de visualização que nos permitissem
entender a(s) realidade(s) que é(são) produzida(s). O principal referencial teórico-conceitual
esteve fundamentado nas orientações da Teoria Ator-Rede (ANT) e nos estudos de Bruno

Latour e de colaboradores. Além desses, foram adotados como referenciais teórico-
metodológicos a Netnografia (KOZINETS, 2014) e a Análise de Rede Social (ARS). A coleta

de dados ocorreu no período de março a abril de 2021, instantes nos quais imergimos em um
acompanhamento da comunidade no Facebook, recolhendo conteúdos e comentários
depositados por membros em suas postagens. Nossas primeiras análises estão circundadas em
um censo social buscando caracterizar informações a respeito de quem são os membros. Tal
levantamento nos levou a identificar uma predominância dos integrantes como do gênero
feminino, moradores das regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo pais e com acesso a Educação
de nível médio e/ou superior. Em conjunto, descrevemos o espaço-tempo que compõe a
comunidade digital e nos concentramos nos modos de participação produzidos entre a
plataforma digital e os humanos, a saber: Perpetuador, Influenciador, Mantenedor,
Questionador, Iniciador, Referenciador, Interessado e Marcador. Subsequentemente,
identificamos as entidades mais importantes e influentes da referida comunidade a partir da
marcação e tratamento dos substantivos presentes nas postagens e nos comentários. Feito nosso
inventário do que compõe a comunidade, nos orientamos pelo conceito de performance
(SORENSEN, 2009) na finalidade de relatar aquilo que aflora entre as relações dos elementos
inventariados. Nossos resultados apresentaram um apreço dos integrantes do grupo pelo
trabalho oficial da ciência (LATOUR, 1994); uma predominância da figura feminina como
uma vigilante da relação entre ela, seus filhos e os profissionais da saúde; a importância do
trabalho realizado pelos membros referenciadores em associação com os links; a percepção de
uma cidade destacada de um ambiente por meio dos processos de higienização; e a proposta
dos membros da comunidade em utilizar elementos naturais como medidas preventivas às
doenças. Tais performances nos evidenciaram uma organização em formato de bunker
epistemológico (FURMAN, 2023), no qual os membros da comunidade protegem um
sentimento de domínio e de servidão da natureza por meio de um ataque a uma ciência que não
apenas é mediada em laboratório (LATOUR, 2011), mas também propõe um vínculo entre os
corpos humanos e a natureza desse mundo (LATOUR, 2020a).

Diante do contexto causado pela pandemia do Covid-19, muitas mudanças ocorreram pelo mundo todo, desde a maneira como nos relacionamos, trabalhamos, estudamos e nos divertimos. Assim sendo, a educação básica também foi atingida por essa realidade, trazendo novas configurações e desafios a todos envolvidos nesse processo: escola, professores, famílias e os alunos. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo analisar e investigar quais as possíveis afetações sobre as práticas pedagógicas dos professores de Educação Física de uma pequena cidade mineira durante o Regime Especial de Atividades Não Presenciais (REANP). O estudo se fundamenta a partir dos pressupostos da Teoria Ator-Rede (ANT), na qual compreende que vivemos em um mundo de relações e trocas, não apenas entre humanos, mas também entre humanos e não humanos, na qual, busca mapear e rastrear como ocorrem essas trocas e como cada ator age dentro dessa rede de conexões. A metodologia utilizada foi de caráter qualitativo, com entrevista semiestruturada. Como resultado, observamos que as ações escolhidas pelos governantes e gestores escolares para a continuidade do ensino foram precárias e simplórias, não conseguindo produzir uma resposta educacional inovadora, humana e mais próxima aos alunos. Os professores se tornaram meros intermediários em suas práticas docente, enviando e recebendo as atividades propostas através dos Planos de Estudo Tutorado (PET), demonstrando como o REANP se configurou em um ensino tecnicista. No que se refere à Educação Física em particular, o REANP produziu um ensino descorporificado, cognitivista, voltado apenas para a resolução de atividades conteudistas, mensurado o que era certo e errado, desassociado do objeto de estudo da disciplina.

Esta pesquisa tem por objetivo investigar o Asilo de São Francisco de Assis (São João del-Rei),
entre os anos de 1888 e 1940, tentando compreender o seu funcionamento e o atendimento
voltado aos meninos órfãos. O interesse foi entender a relação do Asilo com outras instituições
a ele anexas, além de identificar quem eram os meninos asilados e compreender as
masculinidades presentes no contexto de formação dos meninos inseridos no Asilo de São
Francisco de Assis. O recorte temporal se estabelece tendo em vista o primeiro movimento de
construção do Asilo, em 1888, e se finda em 1940, ano em que a direção do Asilo deixou de
pertencer ao Instituto Padre Machado, passando a ser de inteira responsabilidade da mesa
administrativa da VOT e passando a educação dos meninos asilados a ser ministrada em grupos
escolares da cidade. Para a pesquisa foram elencadas fontes históricas diversas, como o estatuto
do Asilo de São Francisco de Assis; contratos firmados entre o Asilo e as instituições anexas a
ele; relatórios enviados à Secretaria de Interior; relação dos menores internados no Asilo; as
atas das reuniões da VOT; cartas enviadas a diferentes sujeitos e instituições; fotografias; além
de jornais, legislação educacional e legislações de proteção e assistência a menores. Para a
análise dos dados, o entendimento sobre as “relações de poder” e sobre a “produção de saber e
de verdade” foi importante para a compreensão do atendimento prestado à infância órfã
sanjoanense a partir das ações do Asilo de São Francisco de Assis e das instituições anexas a
ele. Os resultados apontam para uma formação dos asilados voltada às faculdades físicas,
morais e para o aprendizado de artes e ofícios, com o intuito de formar cidadãos disciplinados,
aptos para o mundo do trabalho e para servir a pátria. Ainda indicam a cultura das
masculinidades, propagada no início da República, inserida nas ações do Asilo para formação
de indivíduos masculinos, ou seja, o homem ordeiro, sadio, produtivo e útil.

A presente dissertação tem como objeto de estudo a participação infantil e sua relação com o
desenvolvimento humano das crianças. Tem como questão norteadora: Há uma participação da
criança na Educação Infantil, em uma perspectiva humanizadora, segundo as pesquisas
nacionais? Para tanto, o objetivo é compreender se e como acontece a participação da criança
na escola, suas implicações para o trabalho docente e para a humanização das crianças e dos
professores da Educação Infantil, reveladas em pesquisas brasileiras. As teorias que amparam
as reflexões tecidas acerca dos dados produzidos é a Teoria Histórico-Cultural (THC)
(VIGOTKI, 2010; 2018) e as ideias desenvolvidas por Rogoff (2005) sobre o desenvolvimento
cultural. Compreende a participação numa perspectiva humanizadora, como um movimento,
uma ação dos indivíduos, coerente com suas características, interesses e necessidades, que os
coloca em interação com o meio social, cultural e/ou objetal, e por isso promove sua
aprendizagem e seu desenvolvimento. Para alcançar o objetivo geral foi desenvolvida uma
pesquisa bibliográfica nas seguintes bases de dados: Catálogo de Teses e Dissertações da Capes
(CAPES) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo). Utilizando as expressões de busca:
“Participação da criança” AND “Educação Infantil”, “Participação das crianças” AND
“Educação Infantil” e “Participação infantil” AND “Educação Infantil”. Na produção de dados
foram selecionados dezoito trabalhos (teses, dissertações e artigos) que foram estudados e
divididos em três eixos de análises: a participação como direito e o direito da criança à
participação, a concepção de participação adotada pelas pesquisas e as condições para a
participação da criança na Educação Infantil. A análise dos dados permitiu uma
contextualização histórica da construção da identidade da criança enquanto sujeito de direitos
por meio dos ordenamentos legais desenvolvidos ao longo do século XX. Verificou-se que
apesar de todo aparato legal, nas realidades investigadas, ainda é negado à criança o direito à
participação no espaço da Educação Infantil. Acerca do conceito de participação adotado nas
pesquisas verificou-se que essas ampararam-se em diferentes áreas do conhecimento devido à
sua complexidade, no entanto nenhuma utilizou a T.H.C. Sobre as condições necessárias para
a efetivação da participação da criança na Educação Infantil, os dados mostraram que uma
concepção de criança ativa, de escola democrática e de professor protagonista do seu fazer
pedagógico devem amparar a Educação Infantil para que a criança encontre condições de
participação. Outra constatação encontrada nos dados é que a criança sempre participou da vida
social e escolar, mesmo antes de a participação ser um direito desse grupo, no entanto, essa
participação estava regulada pelo entendimento e controle do adulto, vinculada aos interesses
daqueles que detêm o poder, o que nem sempre revela um trabalho pautado na concepção de
participação humanizadora. Para a THC, a participação é humanizadora porque considera a
criança como ativa no seu processo de aprendizagem e permite-lhe compreender, refletir, opinar
e transformar a realidade que vive.

A presente pesquisa busca compreender quais os sentidos que os professores e professoras das
escolas públicas estaduais e municipais de São João del-Rei e cidades vizinhas estão
construindo acerca dos argumentos do Movimento Escola sem Partido, que se alinha à
corrente neoconservadora e defende o silenciamento dos professores, a desconsideração de
seu direito constitucional à liberdade de ensinar e, com isso, almeja legitimar a
desumanização do trabalho e do profissional docente. A pedagogia crítica de Paulo Freire é
tomada como principal referencial teórico, com vistas a promover um debate crítico sobre as
concepções de educação bancária e transformadora, a educação enquanto ato político e a
impossível neutralidade ideológica no contexto educacional. Foi utilizado o instrumento
metodológico Grupo Focal Dialógico, por meio da plataforma virtual Google Meet, mediante
uma proposta que privilegiou o diálogo, na perspectiva freireana, além da escuta atenta e
sensível das vozes docentes durante os quatro encontros realizados. A partir dos dados
coletados, foram construídas três categorias temáticas, quais sejam: a neutralidade ideológica
versus a diversidade no contexto escolar; o direito à liberdade de expressão docente e a
perseguição sofrida pelos professores e a existência de outros movimentos neoconservadores,
cujos objetivos se alinham aos do movimento aqui em estudo. Ao final do processo analítico
foi possível compreender que os professores e professoras participantes ouvidos no presente
estudo constroem múltiplos sentidos críticos em relação ao Movimento Escola sem Partido.
Os referidos sujeitos percebem que se trata de um movimento que possui nítida motivação
política, com vistas a promover um projeto educacional que se alinha à manutenção dos
privilégios das classes dominantes e do status quo vigente. Eles se veem como os principais
destinatários das propostas do referido movimento, que, para atingir seus objetivos, defende o
silenciamento de suas vozes e a desvalorização de seu trabalho docente. Os diálogos
estabelecidos com os professores e as professoras nos permitiram compreender, também, que,
ainda que não haja, até este momento, qualquer lei vigente que legitime os interesses do
Movimento Escola sem Partido, o discurso por ele adotado está vivo no contexto escolar e,
portanto, está presente a autocensura, a censura exercida por terceiros, ainda que de forma
velada, e a necessidade de adequar a forma como exercem seu ofício, a fim de evitar
complicações em seus cotidianos escolares e sanções em suas carreiras docentes. A partir das
reflexões sobre os sentidos construídos pelos sujeitos desta pesquisa, acerca das proposições
do Movimento Escola sem Partido, verificou-se que muitos são os desafios enfrentados pelos
docentes para que seja garantido o seu direito constitucional à liberdade de ensinar. As
propostas de movimentos de índole neoconservadora como o aqui analisado precisam ser
combatidas com a aprovação de políticas públicas que estejam em consonância a um projeto
de educação democrático, transformador, que não se renda às condições mercantis,
promovendo, assim, uma educação que seja inclusiva, diversa e capaz de possibilitar o
pertencimento e a transformação dos sujeitos.

Neste estudo, o principal objetivo é compreender o processo de internacionalização
na Universidade Federal de São João Del-Rei a partir do ponto de vista do

coordenador, vice-coordenador e membro do colegiado de três programas de pós-
graduação da instituição. Entendemos o conceito de internacionalização no ensino

superior na pós-graduação como um fenômeno em discussão no Brasil, essencial
para a compreensão da mobilidade acadêmica no país, visto que as universidades
apresentam em suas políticas ações comuns de grande volume de convênios e
acordos bilaterais entre os países. Morosini (2006) afirma que a internacionalização
do ensino é entendida como um conceito complexo, que envolve vários termos
relacionados e apresenta diferentes fases de desenvolvimento. Como são muitos os
programas de pós-graduação que a universidade tem ao todo, escolhemos somente
as áreas de psicologia, letras e educação por critério de disponibilidade dos sujeitos
envolvidos, pois os representantes dessas áreas foram os que apresentaram mais
abertura para a participação neste trabalho. Esta pesquisa, que se caracteriza como
qualitativa, se desenvolve a partir de uma revisão bibliográfica, considerada
documental, já que utilizamos o Catálogo de Teses e Dissertações da Comissão de
Aperfeiçoamento de Pessoal Nível Superior (CAPES) para produzir o levantamento
e por meio da realização de entrevistas semiestruturadas seguidas por um roteiro
que foi construído pensando em possíveis categorias para a análise dos dados.
Assim, na busca por entender os limites e as possibilidades de cada programa de
pós-graduação da UFSJ, investigamos como os três representantes desses
programas compreendem a internacionalização a partir das demandas da avaliação
da Capes. São muitos os impasses enfrentados pelos programas de pós-graduação
apresentados nessa pesquisa, sobretudo a questão dos recursos econômicos e a
barreira lingüística. A implementação de uma política de internacionalização que
realmente consolide uma integração mais efetiva da mobilidade acadêmica
internacional é um obstáculo. Todavia, acreditamos em um plano de ações da UFSJ
que dialogue com os pesquisadores e pesquisadoras para viabilizar um processo
mais qualificado e coletivo de internacionalização.

Esta pesquisa se propôs a mapear os processos de formação de professores de Educação
Física em dois programas de fomento à formação de professores, o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e o Programa Residência
Pedagógica (RP). A investigação foi conduzida com 08 (oito) discentes do curso de
licenciatura em Educação Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG) - campus Barbacena, que participaram,
necessariamente, dos dois programas, entre os anos de 2018-2021. Um dos principais
referenciais teórico-metodológicos adotado na pesquisa foi a Teoria Ator-Rede (TAR)
proposta por Bruno Latour e colaboradores. Para recolha e produção dos dados, foi
realizada, inicialmente, uma investigação em documentos oficiais (como os editais
governamentais) que fundamentam as propostas para ambos os programas. Em seguida,
fizemos uma revisão bibliográfica no campo da Educação Física em estudos que
tomaram o Pibid e o RP como objetos de pesquisa. Nossa perspectiva foi de também
identificar a existência desses programas por meio dos rastros produzidos em diferentes
locais do campo de formação de professores. Além disso, foram conduzidas entrevistas
semiestruturadas com os licenciandos que participaram de ambos os programas, em que
buscamos identificar os atores humanos e não humanos que se fizeram presentes e as
práticas sociomateriais que marcaram as principais associações na perspectiva dos
participantes, afetando os corpos em formação dos futuros professores. Os resultados
apontam uma diversidade de actantes presentes nos relatos dos entrevistados, dentre
eles, o curso de Educação Física, os alunos, os ex-pibidianos, o (a) professor (a)
supervisor/preceptor (a), a Pandemia de Covid-19, as escolas campos, o estágio
supervisionado e a relação teoria e prática. Os licenciandos foram se formando
professores à medida que aprenderam a ser afetados pelos vínculos estabelecidos com
os diversos actantes identificados. Neste contexto, a participação no Pibid e no RP e as
associações decorrentes dessa participação tornaram os licenciandos mais articulados
para o exercício da docência.

A presente pesquisa teve como objetivo compreender a dinâmica da representação
estudantil em uma escola da rede pública de ensino de Minas Gerais. Analisamos as
experiências vivenciadas por estudantes representantes no Conselho de
Representante de Turma por meio de um estudo de caso, realizando observações,
análise de documentos, entrevistas e a aplicação de um questionário. Nesse
caminho, buscamos responder: como é construída a representação estudantil e
quais aprendizagens emergiram desta experiência representativa? Para responder à
essa pergunta foi necessário um estudo sobre as juventudes e os principais
aspectos da representação estudantil secundarista e suas relações com o
movimento estudantil. Os dados foram analisados por meio de teorias da
representação política. Observamos que a dinâmica da representação estudantil na
escola foi guiada por uma normatização da Secretaria de Estado de Educação para
a formação do Conselho de Representante de Turma, o qual foi constituído por
estudantes eleitos através do voto, escolhidos principalmente devido às suas
habilidades comunicativas. O conselho, coordenado por dois docentes, se reuniu ao
longo do ano letivo para levantar e discutir demandas, fazer repasses, definir um
plano de ação e deliberar sobre a organização de eventos. A escola vem
estimulando a representação estudantil e há avanços e dificuldades no atendimento
às demandas. Quando olhamos para a experiência dos representantes no processo
representativo, nos deparamos com o desenvolvimento da comunicação e da
liderança, o acréscimo de responsabilidades, a solidariedade, senso de cidadania,
bem como outros afetos que os interpelam. Ao mesmo tempo, evidenciam-se as
dificuldades de relacionamento entre representantes e representados e a frustração
quando as demandas não são alcançadas e a participação não é plena. A pesquisa
expõe a importância da orientação dos professores no auxílio na organização dos
estudantes. Por fim, evidenciamos que a experiência representativa se abre para
uma experiência pedagógica da política influenciando a construção de valores como
o respeito, a cooperação e a solidariedade, essenciais à formação cidadã.

Este é um trabalho de Educação que aborda um tipo cinema que possui grande teor
colaboracionista no seu feitio entre indígenas e não indígenas. No entanto, o que esse
fazer junto ouve e projeta é como o auscultar dos corpos perpassa por uma íntima relação
de indissociabilidade e complementaridade com a natureza e seus elementos. Foram
analisados três filmes: Yvy Maraey, Tierra sin Mal, A Febre e El Corral y el Viento, os
quais foram vistos e revistos buscando examinar a dimensão sonora presente, ao mesmo
tempo em que se fazia a revisão bibliográfica e os conceitos que dialogavam com essas
obras. As camadas acústicas desses filmes demarcam, o fora de quadro, o invisível, o
insólito, as quedas, as iniciações, os múltiplos mundos e suas outras sonoridades para
além de suas formas já consolidadas. E por isso, a prática da escuta sensível das matas e
florestas é pervasiva, determinando outros modos de ser, de conhecer, de se relacionar,
designando um caráter pedagógico para essas iniciações que proporcionam viagens
sensoriais dilatadas.

A significativa expansão do ensino superior tanto presencial quanto a distância, ao par de importantes conquistas sociais, como o acesso de outros segmentos da população ao ensino público superior de qualidade e gratuito, trouxe também desafios associados a essa expansão. Questões como a especificidade de cada curso, por exemplo, é um desses desafios a ser tratado na pesquisa proposta. o objetivo geral dessa pesquisa é identificar como os saberes corporais são vividos e experienciados nos cursos de Educação Física a distância. Parte-se, portanto, de uma hipótese de que há vivência desses saberes mesmo na modalidade EaD do curso, a questão que se coloca é, pois, de conhecer a natureza dessa experiência e de que forma essa natureza impacta e singulariza a formação do licenciado em Educação Física EaD?  Para tanto, a pesquisa seguiu dois caminhos metodológicos específicos: o levantamento bibliográfico e a pesquisa de campo, tendo como recurso para a coleta de dados a realização de uma entrevista coletiva online, que foi realizada por meio de videoconferência em tempo real com os alunos do curso de Educação Física a distância de uma instituição pública do Estado de Minas Gerais. A entrevista coletiva  foi a base para o levantamento das discussões e experiências vivenciadas pelos alunos. O método utilizado para analisar as falas dos entrevistados foi a análise de conteúdo. 

Este trabalho tem o objetivo de apresentar um processo de desenvolvimento de uma Sequência
Didática (SD) fundamentada em questões ambientais urgentes e identificadas por membros de
uma comunidade escolar. Nosso foco esteve em verificar as sociomaterialidades construídas
por meio da SD em torno do problema ambiental identificado pela turma. Pensamos as relações
entre o ser humano e o planeta, orientadas pelas recentes discussões que se referem ao
Antropoceno, uma possível nova época geológica, na qual a ação humana é a principal força
atuante na modificação e transformação do planeta. Do campo da didática, apostamos nas
formulações teóricas desenvolvidas sobre Sequências Didáticas (SDs), as quais preconizam a
organização de propostas de ensino centradas em determinados objetivos pedagógicos. Além
desses, nosso repertório teórico-metodológico é composto pela Teoria Ator-Rede, a qual
entende que não há hierarquia entre humanos e não humanos na composição do social,
definindo-o, assim, como um movimento peculiar de associação entre diferentes entidades. O
campo de investigação deu-se em uma escola pública estadual, situada no município de São
João del-Rei, M.G., onde a professora-pesquisadora também leciona o conteúdo de Ciências. A
partir da identificação de uma questão socioambiental urgente, foi selecionada a temática do
ciclo da água e a ocorrência de enchentes para o conteúdo da SD. A SD foi desenvolvida em
sete etapas mais um momento prévio, configurando-se nas seguintes: o) Momento prévio - com
o objetivo de perceber o olhar dos estudantes sobre o ciclo da água; i) Momento I - para
identificar a situação problema referente a algumas realidades da água – os alagamentos; ii)
Momento II - embasamento teórico e conceitual sobre a temática de estudo; iii) Momento III -
pautou-se em estender o local e ampliar a visão dos estudantes a respeito do problema; iv)
Momento IV - coleta de respostas em grupos; v) Momento V - apresentação das conclusões
encontradas; vi) Momento VI - para sintetizar e generalizar todas as conclusões e, vii) Momento
VII – para sistematizar o conhecimento com um encaminhamento para uma ação política. Os
dados foram coletados por meio de observação participante e registrados por meio de
fotografias, áudios, vídeos e trabalhos escritos pelos estudantes. Para análise dos dados na
construção das redes, lançamos mão dos softwares Gephi e Force Atlas 2. Nossos resultados
indicam que três realidades emergiram dos dados. Na primeira, a situação-problema vivenciada
pelos estudantes é articulada numa performance mais localizada e intimista. Na segunda
realidade emergem performances de ação e esclarecimento político dos aprendizes. Por fim, na
terceira realidade o problema extravasa o local, repercutindo globalmente e relacionando-se
com a ação humana no planeta. Concluímos, assim, que as potencialidades das Sequências
Didáticas, como prática docente, são capazes de promover um protagonismo político dos
aprendizes.

O objetivo geral deste estudo é compreender como professores de matemática percebem a
Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) em suas práticas
profissionais. Tendo como base as reflexões de Maurice Tardif sobre os saberes do professor
no ambiente escolar e a noção de percepção delineada por Vargas Melgarejo, busca resposta
para a pergunta: como professores de Matemática de escolas situadas no município de
Barbacena (MG) percebem a OBMEP e que saberes são mobilizados em suas percepções? A
pesquisa é de cunho qualitativo. Na coleta de dados foram usados como instrumentos: um
questionário produzido no Google Forms e uma entrevista realizada com cinco professores de
escolas das redes particular e pública municipal, estadual e federal. Os dados foram analisados
segundo as seguintes categorias: as “questões”, o “projeto nacional” que envolve a OBMEP, a
“prática dos professores”, os “estudantes” e “sobre si mesmo em relação à OBMEP”. As
percepções dos professores mostraram-se singulares, ou seja, muitas vezes tais percepções são
apresentadas na forma de opiniões e podem vir a mostrar como eles mobilizam seus saberes
docentes e, no ambiente escolar, como o conjunto dessas percepções fundamenta seu juízo
sobre a OBMEP. Elas variaram de acordo com a vivência profissional de cada um(a) e, em
algumas, mostraram mobilizar saberes, especialmente, o experiencial.

O presente estudo buscou compreender como o corpo e seus significados são construídos e problematizados na plataforma digital Instagram por estudantes participantes de uma experiência pedagógica de Mídia-Educação (Física). O interesse pelo tema começou a ser construído através das discussões no Grupo de Estudos Link@ e de minha jornada diária como professora de Educação Física (EF) na escola. Em razão disso, realizou-se um estudo qualitativo, dialogando com as bases da Teoria Ator-Rede, estudada durante os encontros do grupo, para, assim, pensar as relações entre humanos e não humanos e os rastros deixados por eles dentro de uma rede sociotécnica. Como instrumento para a construção dos dados, foi utilizada como metodologia a pesquisa-ação, a fim de que eu pudesse me tornar um ator-rede durante a experiência pedagógica desenvolvida durante as aulas de Educação Física em uma Escola pertencente à Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, assumindo papel ativo e participativo dentro da pesquisa. Para este caminhar metodológico, tivemos como questão problema: de qual(ai) modo(s) o Instagram, aliado a uma intencionalidade do professor, pode produzir uma experiência educativa, empreendida em termos de afetações dos estudantes, acerca do corpo na cultura digital? Os resultados da pesquisa foram mapeados e descritos em três cenas, e estes apontam que, a partir dessa experiência mídia-educativa, um arranjo socio-material em associação com celulares, fotografias, aplicativos e rede social, produziu quatro afetações diferentes, sendo elas: a produção de uma consciência de risco sobre o uso da imagem e as redes sociais; a participação dos estudantes, que não participavam das aulas de EF como protagonistas (ambas afetações descritas na descrição da cena 1); a mobilização e a autoria em postagens midiáticas das redes sociais a partir da experiência das aulas de EF (descritas na cena 2); e, por fim, os agenciamentos das redes sociais na vida cotidiana dos estudantes (resultado da cena 3).

A pesquisa aborda a importância do ensino de filosofia no ensino médio, ex- explorando o conhecimento dos professores e a identidade dos professores de filosofia. Ele usa Ricouer compreensão hermenêutica para analisar entrevistas realizadas com filosofia do ensino médio professores, buscando compreender como eles percebem sua formação acadêmica, os desafios iniciais ampliações no ensino de filosofia no ensino médio e no ensino da disciplina. O objetivo é estabelecer uma relação entre identidade pessoal e prática docente.

Este trabalho é fruto de uma escuta ativa de egressos da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
que atuam em Teatro. Foi realizada uma pesquisa de campo, por meio da técnica de entrevista
dialógica, na busca por mapear as experiências singulares de artistas de teatro que passaram
por essa modalidade de ensino. Para isso, foi composta uma amostra intencional de cinco
sujeitos, três homens e duas mulheres, cujas idades variavam, na ocasião das entrevistas, entre
24 e 68 anos de idade. O desencadeamento do estudo emerge, a princípio, da hipótese de que
poucas pessoas que passaram pela EJA, em algum momento de sua trajetória escolar,
seguiram seus estudos e atuam no Teatro. Este estudo foi motivado pela seguinte questão:
Enquanto egressos da EJA e atuais trabalhadores da cena, como a passagem pela EJA
contribuiu para que esses sujeitos pudessem „ser mais‟ e buscassem novos percursos de
formação? O objetivo geral foi: Apresentar e analisar, à luz do quadro teórico e das pesquisas
recentes, as histórias de vida (pessoais, acadêmicas e profissionais) de sujeitos que passaram
pela EJA e que hoje trabalham com teatro. Para a análise, foram consideradas as
aproximações e afastamentos entre as trajetórias dos sujeitos e os conceitos teóricos. Diante
do estudo feito, identificou-se o entrelaçamento das trajetórias aos contextos sociais e
econômicos do país e aos processos de constituição de políticas públicas da EJA e pudemos
identificar que a EJA foi um fator crucial para a busca dos sujeitos, de camadas populares, de
serem mais.

Em fase embrionária, a Bidocência também conhecida por Coensino ou Ensino colaborativo é um tema
que necessita ser mais explorado no cenário educacional, no âmbito da Educação Especial,
considerando a sua prática em classes regulares de ensino público. Este modelo de trabalho docente
se desenha na parceria entre o professor regente da turma e o professor especializado em alguma das
áreas de especialização em Educação Especial. O objetivo geral desta investigação centrou-se em
descrever, analisar e discutir o modelo de trabalho da bidocência e/ou coensino, exercido pelo
professor da sala comum e o docente especializado em Educação Especial. Para tanto, de forma a
colaborar para as descrições e análises empreendemos uma revisão bibliográfica sobre os processos
de inclusão e a instituição da Bidocência e/ou coensino como possibilidade de docência no Brasil e, um
estudo exploratório de caráter bibliográfico realizando um levantamento de pesquisas científicas em
portais de busca utilizando os descritores: bidocência, coensino e ensino colaborativo inclusivo. Para
estruturar as discussões, o presente estudo se encontra emoldurado em uma pesquisa qualitativa,
utilizando-se da escrevivência da própria autora, como instrumento metodológico de escrita. A busca
por essa compreensão se debruçou sobre a minha própria experiência, no lugar de professora regente,
alinhavando duas experiências voltadas à inclusão escolar de estudantes com deficiência. O primeiro
recorte traz o coensino estruturado na parceria entre a professora regente e a professora especialista
em Educação Especial, e a segunda experiência, o lugar da professora especialista é substituído pela
profissional de apoio, uma estagiária que está cursando pedagogia. A narrativa das duas experiências
no contexto educacional inclusivo possibilitou as discussões dos tensionamentos vivenciados nas
relações de trabalho executadas pelos profissionais, em diálogo com as teorias de estudiosos como
bell hooks (2021), Paulo Freire (1996), Miguel Arroyo (2015) e Tardif (2014), os principais condutores
das minhas reflexões. Diante do exposto, a investigação aponta para a importância do diálogo entre
todas as instâncias educacionais: a legislação, as secretarias de educação, as escolas, as equipes de
gestão e pedagógicas, o corpo docente, a comunidade escolar e os profissionais envolvidos na
bidocência ofertado aos discentes com deficiência e necessidade da reflexão acerca das formações
inicial, em serviço e continuada nesse formato de trabalho. Concluiu-se que o formato de trabalho, nos
moldes da bidocência e/ou coensino é uma aposta positiva para as práticas de educação inclusiva se
estruturado com base em relações colaborativas por parte dos profissionais.

Esta pesquisa tem como premissa compreender a trajetória educacional de Rosina José de Carvalho
Alves (1931-1994) nos seus mais de 30 anos de atuação como professora regente da Escola Rural
Mista Francisco Xavier de Sales, localizada na comunidade Serra da Garça I, em Liberdade/MG.
Rosina foi mulher, mãe de nove filhos, tornou-se professora leiga aos 17 anos de idade e coordenou
a comunidade rural, em que vivia, administrando as compras de alimentos, remédios, contratos de
trabalho e organização social, já que era uma das poucas pessoas, que tinham acesso costumeiro à
área urbana do município de Liberdade/MG. A presente pesquisa permitiu perceber que Rosina
ocupava um local de poder diferentemente da maioria das demais mulheres de sua realidade social,
fato esse permitido pelo seu grau de instrução e cargo público remunerado nas décadas entre 1940
e 1990. Sua trajetória educacional, enquanto professora leiga, fundamentava-se na alfabetização
dos alunos por meio de um ensino adaptado às condições rurais da época em concomitância com a
legislação rural existente. As fontes analisadas perpassaram desde documentos pessoais, como
cartas de sua tia a seu pai, enquanto ainda era estudante, contracheques de recebimento, cartas ao
prefeito, até documentos oficiais da escola em que trabalhou, como folhas de frequência e ficha de
matrículas entre outros. No tanger dos resultados, foi possível constatar que Rosina, além de
professora, era, também, uma mulher com posição constituída muito além do ser docente, que era
o esperado para uma professora. Rosina construiu uma posição na sociedade, em que morava,
lidava com serviços e ações e tinha atitude, que era esperada para um homem, e não para uma
mulher, mãe e professora. Em contrapartida, foi visto que, mesmo estando nessa situação, Rosina,
ainda, possuía os deveres, que eram tidos como femininos, como cuidar da casa, filhos, enxovais
etc. Para as análises documentais, as fontes foram discutidas no linear de autores, como: Cellard
(2008) na compreensão da documentação; Revel (1998) na vinculação de figura de Rosina ao
contexto educacional nacional; Foucault (2019) na análise da construção da local de poder, que
Rosina ocupava na sociedade, em que vivia; Perrot (2017) no rompimento do local de mulher
professora feminina, que era esperado para Rosina; e, por fim, nas Leis de Diretrizes da Educação
Básica de 1961 e 1971, que não se dedicavam a pensar uma educação específica para o meio rural,
que foi a premissa para a discussão de todo o trabalho.

Este trabalho busca ressaltar que existiram práticas pedagógicas
específicas no Brasil, muitas vezes desconsideradas dentro das “correntes
pedagógicas” atuais, mas que influenciaram de forma direta o ensino e a prática
de muitos professores atualmente. Mesmo com o acúmulo das pesquisas na área,
muitas dessas práticas ainda têm pouca visibilidade até mesmo dentro da
historiografia da educação brasileira, assim como a pouca visibilidade de
intelectuais que se dedicaram a produção dessas práticas, principalmente quando
é a mulher quem ocupa esse espaço do intelectual na educação. Isso se dá tanto
pela falta de fontes historiográficas para a pesquisa, quanto pelo
desconhecimento delas. No cenário brasileiro, especificamente o de Minas
Gerais, temos o caso da educadora são joanense Alexina de Magalhães Pinto
(1869 – 1921). Ao utilizar o folclore em suas práticas educativas, Alexina Pinto
pode ser considerada como proponente de uma educação inovadora para a
educação da infância, valorizando o uso da cultura popular nesta formação.
Professora da cadeira de desenho e caligrafia da antiga Escola Normal de São
João del-Rei, Alexina se diferenciava por romper com as tradicionais práticas
educativas fortemente vigentes do século XIX e início do século XX. Alexina
permaneceu pouco tempo como professora na Escola Normal, mas continuou
seus estudos e sua docência na cidade do Rio de Janeiro, contudo pouco ainda se
sabe sobre sua atuação profissional, sendo figura pouco conhecida dentro do
contexto da pesquisa em História da Educação. Apresentando o contexto acima
é que o presente trabalho se insere, propondo refletir sobre a atuação docente,
social e intelectual dessa educadora mineira. O interesse é o de descrever e
analisar a trajetória e a atuação social e educacional de Alexina de Magalhães
Pinto, identificando práticas discursivas e sujeitos que fizeram parte de sua vida.
Para isso, a metodologia adotada parte da pesquisa documental e da análise de
informações (CELLARD, 2008). Tais análises mobilizam as relações de poder,
as produções de saberes e de verdades (FOUCAULT, 2019), assim como a ideia
de intelectualidade e de redes de sociabilidade (SIRINELLI, 2003). Por último,
a discussão sobre a invisibilidade feminina (PERROT, 2017), chave de leitura
que permea a trajetória educacional da professora.

Nesta pesquisa investigamos como a teoria do reconhecimento de Axel Honneth se

relacionou com a educação remota no ano de 2020, causada pela pandemia da COVID-
19. Trata-se de uma teoria social normativa na qual os indivíduos buscam o

reconhecimento de si próprios e do outro por meio das esferas do amor, do direito e da
solidariedade, como forma de construção de suas identidades. Dessa forma, analisamos a
teoria do reconhecimento honnethiana e como ela tem se apresentado nas pesquisas em
educação para analisar o discurso de duas professoras da educação básica de Minas
Gerais, visando a responder às seguintes questões: as esferas do reconhecimento de Axel
Honneth são observadas no discurso de professoras sobre o ensino remoto imposto pela
Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais devido à quarentena causada pelo
novo coronavírus (SARS-CoV-2)? Quais esferas se revelam e quais são negadas?
Primeiramente apresentamos o que é a teoria do reconhecimento de Axel Honneth, como
ele formulou as esferas, o que é a luta por reconhecimento e o que considera por
reificação. Compreendendo então a teoria, analisaremos as falas das professoras da rede
pública de Minas Gerais enunciadas durante um momento de escuta que ocorreu em nosso
grupo de pesquisa (GPECTHUS) no ano de 2020, por meio da análise de conteúdo
proposta pela Laurence Bardin. Os resultados apontaram para uma presença das esferas
do reconhecimento, tanto sendo efetivadas quanto negadas e interligadas umas às outras.
Vemos a efetivação da esfera da solidariedade pelas professoras para com as famílias dos
alunos e, ao mesmo tempo, se mostraram não reconhecidas nesta mesma esfera pela
sociedade, bem como na esfera jurídica (direito) pelo sistema escolar do qual fazem parte.

A presente pesquisa buscou compreender o Programa de Extensão “Comunidade de
Investigação Filosófica” (CIF), do Laboratório de Educação em Filosofia (LAFIL), da
Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), e os seus possíveis efeitos na prática
de três professoras regentes de uma escola estadual de São João del-Rei. O caminho
percorrido se iniciou com a curiosidade em conhecer as singularidades do LAFIL ao se
perceber que algo havia mudado nos alunos com a participação deles no Programa de
Extensão. A partir da pesquisa, passou-se a estranhar o ambiente escolar, com o qual já
se familiarizara, indagando sobre os possíveis impactos que a CIF poderia refletir no
fazer pedagógico das professoras envolvidas no Programa. Para este caminhar
científico, utilizou-se a metodologia de estudo de caso, por se tratar de um evento
específico do LAFIL na escola. No entanto, a pesquisa foi atravessada por uma
(auto)biografia, partindo de um princípio baseado na compreensão da situação, pela via
do ator social e pela importância da interação entre o pesquisador, que também é um
pesquisado, e as pessoas da pesquisa. Desse modo, histórias de vidas foram
entrecruzadas com os contextos sociais, culturais, econômicos, políticos e religiosos.
Como instrumento para a construção de dados, empregou-se a entrevista narrativa com
as três professoras, que receberam a CIF nas turmas para as quais lecionavam. A análise
de conteúdo foi escolhida para analisar as entrevistas e refletir sobre os possíveis efeitos
da CIF na prática pedagógica docente, na formação de professores e na relação dos
projetos com as escolas que os recebem. A pesquisa revelou que o Programa de
Extensão CIF, que habita o chão da Escola Estadual Tomé Portes Del Rei, contribuiu, e
ainda contribui, para o processo de autoformação docente, partindo do princípio da
análise das suas ações, que ocorreram durante a caminhada do Programa na escola, com
as turmas das professoras pesquisadas. Além disso, evidenciou a necessidade de
repensar as formas de interação entre os professores da escola, a fim de proporcionar
uma interação-reflexiva das experiências vivenciadas nas oficinas do Programa.

Este trabalho trata do brincar na adolescência no interior de uma escola pública de Ensino Fundamental II, a partir da compreensão da ludicidade no seu sentido amplo, como uma atividade/necessidade humana e um direito a ser garantido. O objetivo principal desta pesquisa é apresentar os sentidos e os significados dos pré-adolescentes e adolescentes em relação ao tempo e ao espaço do brincar no interior da escola pública. Trata-se de um estudo no qual o corpo teórico se dá na perspectiva sociocultural, a partir da concepção de que é o social que caracteriza a ação na atividade lúdica do sujeito. Baseia-se, principalmente, em estudos de Winnicott, Wallon, Paulo Freire, Foucault, Vygotsky e Merleau-Ponty. O instrumento de coleta dos dados foi uma redação. A análise dos dados coletados foi realizada por meio de uma abordagem qualitativa que se constituiu pela análise de conteúdo (Bardin, 1977). Os resultados revelaram que os adolescentes atribuem sentidos e significados ao brincar, reconhecendo-o como um direito e destacando sua importância no dia a dia escolar. O controle dos corpos também apareceu nas redações. As considerações finais indicaram que os adolescentes sentem necessidade de brincar e que a escola, como instituição, pode ser um espaço de alegria e boniteza ao incentivar o brincar. 

A presente pesquisa teve o objetivo de analisar os letramentos digitais desenvolvidos em atividades que mobilizaram a rede social Instagram em aulas de ciências. Para tanto, partiu- se das seguintes perguntas de pesquisa: Que letramentos digitais foram possíveis desenvolver em atividades realizadas na rede social Instagram com alunos do Ensino Fundamental II em Ciências da Natureza? Quais foram desenvolvidos mais frequentemente? Em que aspectos o processo de formação na pesquisa modificou a práxis de ensino? A pesquisa assentou-se em uma abordagem qualitativa de cunho exploratório e descritivo e a metodologia foi organizada em cinco momentos: 1) revisão bibliográfica, 2) descrição das atividades desenvolvidas nos perfis criados no Instagram 3) análise das atividades à luz dos letramentos digitais, 4) de respostas às questões propostas nos stories do Instagram e 5) da mudança da práxis docente após a análise. As atividades analisadas foram realizadas com estudantes do Ensino Fundamental II, dos sexto, sétimo e oitavo anos, em uma escola da rede privada de ensino, no período de 2017 a 2022. Este estudo se relacionou com a pesquisa ação-reflexão e a análise foi feita na perspectiva da autorreflexão acerca do que foi feito e das mudanças necessárias para o aprimoramento das atividades com o desenvolvimento dos letramentos digitais utilizando a rede social Instagram como ferramenta pedagógica. Ao adentrar na percepção de outrem com relação às atividades desenvolvidas, tanto os estudantes como familiares e amigos reforçaram a importância do reconhecimento e do protagonismo dos alunos quando seus trabalhos, tarefas, vídeos, pesquisas e experimentos foram publicados. Quatro letramentos tiveram o potencial de serem desenvolvidos nas atividades analisadas: impresso, móvel, em rede e participativo. Em relação à práxis emergiram as percepções de considerar para os letramentos o desenvolvimento de competências socioemocionais, novas ferramentas digitais, as dificuldades técnicas e pedagógicas inerentes e, principalmente, planejar e sistematizar o letramento digital para avaliação dos estudantes

O interesse por esta pesquisa se deu por toda a minha trajetória. O foco dela gira em
torno das trajetórias de vida e profissional de duas professoras do projeto de Inclusão
Musical do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier de São João
del-Rei/MG. Buscamos compreender: quais as vivências, trajetórias e condições que
as levaram a se constituírem professoras, professoras de Música numa perspectiva
inclusiva, docentes inclusivas? Trataremos Docência Inclusiva segundo a definição de
Hermes (2017). Buscamos, também, tentar entender as relações conflituosas da
inclusão sob a perspectiva da instituição. A partir disso, como metodologia, usamos
entrevistas e estudos de documentos oficiais da instituição em voga. Procuramos,
ainda, traçar um paralelo histórico entre a Educação Musical e a educação das
pessoas em situação de deficiência, para melhor compreender tais processos. Como
adotamos o ponto de vista da docência para a compreensão desse lugar simbólico
inclusivo, abordamos questões relacionadas à condição docente, enfatizando, a partir
de alguns elementos históricos, os processos de constituição e precarização da
docência. Apresentamos, então, as vozes das duas professoras, suas trajetórias
pessoais e escolares até se tornarem professoras e, no segundo momento, suas
experiências profissionais. Por fim, debruçamo-nos sobre a instituição: as relações
conflituosas entre a Docência Inclusiva e o espaço do Conservatório. Concluímos que
não basta apenas que a instituição tenha professores que se mobilizem em prol da
inclusão escolar, se ela conservar uma lógica voltada para a exclusão, por mais que
seja no intuito de incluir, sendo toda pesquisa situada no campo conflituoso do binômio
exclusão/inclusão.

O presente texto apresenta o resultado da pesquisa de mestrado que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) e que obteve financiamento de pesquisa pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). A partir do conceito de livre expressão, formulado por Celéstin Freinet, e com base em fundamentos da Teoria Histórico-cultural, a pesquisa apresentada parte da seguinte problemática: as crianças da Educação Infantil se sentem motivadas a escrever como uma forma de livre expressão? A partir desta indagação, surge outra: como diferentes contextos sociais (a família e o ensino remoto) propõem, no período da pandemia, a relação da criança com a linguagem escrita? Diante de tais questionamentos, o objetivo geral da pesquisa é investigar a livre expressão da criança, especialmente relacionada à escrita, e a relação com o ensino (da escola e família). Foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: compreender a apropriação da linguagem escrita sob a ótica da Teoria Histórico- Cultural; e investigar as atividades realizadas pela criança e sua relação com a escrita. A partir da realidade concreta do momento histórico vivido atualmente - a pandemia da covid 19 e seus impactos, foi realizada uma pesquisa empírica. Dentre os caminhos metodológicos destacam-se a revisão de bibliografia sobre a linguagem escrita na Educação Infantil e a pesquisa empírica, realizada com uma criança e sua mãe, no município de São João del-Rei. A criança tem cinco anos de idade e, no momento da geração de dados, estava regularmente matriculada no último ano da Educação Infantil em uma escola municipal. A geração dos dados foi organizada em quatro eixos de análise: 1- Relações de ensino; 2 – A brincadeira como atividade-guia; 3 – Desenho como forma de expressão; e 4- Literatura na Educação Infantil. Podemos concluir que, para a criança se interessar pela escrita é preciso de condições reais com a escrita. Se isso não acontece, pelo incentivo da família e pela escola, muito dificilmente ela se sentirá motivada e irá compreender a função social. Destaca-se, portanto, uma das funções essenciais da escola de Educação Infantil de organizar condições efetivas para a apresentação da cultura escrita para as crianças, de modo a criar a necessidade da escrita como uma forma de livre expressão.

O desenvolvimento afetivo e educacional dos alunos com deficiência depende de
estímulos emocionais e cognitivos que vão impactar em seus processos de
aprendizagem.No ambiente escolar ocorrem interações com os docentes e discentes
que irão contribuir com o aprendizado de ambos. Adiante, dessa trajetória, muitos
alunos com deficiência ingressam no ensino superior. Mas, o pensamento social
construído historicamente sobre as pessoas com deficiência dificulta a inclusão
educacional. Essa noção social que caracteriza a deficiência como inferioridade
interfere na participação social e nos sentimentos diante da própria deficiência dos
alunos com deficiência. Assim, foi proposto uma investigação com o objetivo de
compreender como as interações dos discentes com deficiência colaboram com a
transformação histórico-cultural na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).
Com a volta às aulas, após o processo de imunização da Covid-19, realizou-se um
trabalho de campo por meio de um questionário que foi encaminhado para os
estudantes com deficiência da UFSJ. Posteriormente, dois desses estudantes foram
entrevistados, na perspectiva da pesquisa semiestruturada. Para a análise dessa
pesquisa, o pensamento de Lev Vigotski foi a base teórico-metodológica, a partir da
perspectiva que considera a transformação histórica cultural do homem, defendida por
Vigotski, no livro A formação social da mente, por meio da interação. Nessa
perspectiva, a pesquisa possibilitou conhecer o desenvolvimento afetivo e educacional
dos estudantes da UFSJ, bem como, as contribuições da interação entre os discentes
com deficiência e docentes e demais estudantes, na UFSJ, em relação aos incentivos, e
às modificações históricas culturais na instituição. Estudantes que apresentaram
dificuldades no processo educativo romperam as dificuldades orgânicas, e chegaram ao
ensino superior e, nesse meio, uma das contribuições pode ser a interação com outras
histórias de alunos que romperam os preconceitos, e que estão nesse meio. Já as
entrevistas, apresentaram contextos distintos de desenvolvimento em relação ao
processo educativo, mas possuem semelhanças em relação a importância do laço
afetivo em torno do desenvolvimento. Já, a trajetória educacional foi desafiadora para
um dos entrevistados, em virtude da ausência do conhecimento da sua deficiência por
parte dos professores no percurso da educação básica. Outra questão, que foi levantada
por ambos, refere-se às colaborações das interações com os discentes com deficiência
no meio acadêmico. Conclui-se, que as interações entre alunos com deficiência com
outros discentes com e sem deficiência e docentes colaboram com a história da
inclusão no ensino superior, com o surgimento das políticas de apoio, assim, ocorre
uma transformação histórico-cultural na UFSJ, por meio da mediação entre alunos com
deficiência.

Essa pesquisa tem o intuito de compreender como é construída a imagem do ser professor pelo
cinema, por meio dos personagens professores. As análises foram amparadas por diferentes
autores - Freire (1980, 1985, 1986, 1993, 1996), Larrosa (2002, 2015, 2018), Kohan (2019),
Rancière (2005) - que versam sobre a profissão docente em suas obras. Pasolini (1990) nos
ajudou a pensar sobre a linguagem pedagógica das coisas, inclusive do cinema e seus efeitos
na sociedade do consumo. A pesquisa, de abordagem qualitativa (MINAYO, 2012), foi
construída na perspectiva metodológica da cartografia, tendo Passos, Kastrup e Escóssia (2009)
e Deleuze e Guattari (2008) como as bases. A revisão bibliográfica nos ajudou a ampliar o olhar
sobre essa temática e o que vem sendo estudado no Brasil. A partir do levantamento dos filmes,
verificamos quais obras cinematográficas abordam a profissão docente e apresentam diferentes
formas de construção da imagem do ser professor. Para uma análise mais detida, o
documentário Ser e ter (2007), do diretor Nicolas Philibert, foi escolhido para compreendermos
como é construída a imagem do professor de Educação Infantil no cinema, a partir da
constatação de que este segmento é o que tem menor produção cinematográfica. Na relação
deste professor com seus alunos aparece em diversos momentos a escuta atenta, o diálogo, a
afetividade e o amor. A partir do estudo dos filmes compreendemos que as imagens construídas
do ser professor referem-se: àqueles que lutam em prol de uma educação libertadora,
emancipadora, transformadora; ao mestre ignorante, cujo professor é aquele que assume o papel
de provocador e mediador; ao professor-herói, que demonstra uma visão estereotipada, dando
ênfase ao esforço, aos sacrifícios e a dedicação em tempo integral para a profissão e, por fim,
ao professor desmotivado, que enfrenta os desafios causados pela visão meritocrática e
consumista que temos no mundo em que vivemos. As diferentes imagens do ser professor,
construídas pelo cinema, nos revelam que as imagens mais recorrentes e, portanto, mais
consumidas são as do professor herói e do professor desmotivado. Este enfoque pode criar uma
concepção estereotipada sobre o papel social de professores e professoras que são, muitas vezes,
cobrados a serem capazes de “salvar” um sistema educacional que não funciona nos moldes em
que está posto e/ou sofrem com a desvalorização e com a precarização das condições de
trabalho, sem políticas públicas efetivas para a Educação.

A presente pesquisa busca compreender os modos de vida de estudantes que residem em uma Moradia Estudantil, bem como as implicações que a vivência nesta Moradia traz à trajetória acadêmica destes estudantes. Para tanto, utilizou-se uma metodologia de cunho qualitativo, de abordagem participativa por meio de um trabalho etnográfico experimentado dentro da Moradia Estudantil, localizada em uma universidade pública no sudeste de Minas Gerais. Fundamentada pelo referencial teórico da Pedagogia Paulo Freire a investigação apresentada propõe um olhar crítico para a realidade de sujeitos advindos de camadas populares que expiam as injustiças advindas da desigualdade social expressas em formas diversas de opressão e de desumanização. A Assistência Estudantil é explorada em diversos momentos, perpassando por um resgate histórico acerca da teorização sobre a temática e da construção da Assistência ao estudante pobre no contexto brasileiro. As análises construídas são disparadas por trechos de diários de campo, entrevistas e transcrições de conversas gravadas durante a experiência de campo. O trabalho está dividido em seis capítulos, sendo estes: o primeiro, em que realizamos discussões introdutórias sobre o estudante pobre e a permanência na universidade pública, contextualizando a questão racial dentro da discussão; o segundo, em que debatemos a Moradia Estudantil como um direito conquistado, e pensamos as políticas públicas de Assistência Estudantil no Brasil através de um resgate histórico e de um levantamento bibliográfico; o terceiro, no qual enfocamos na discussão sobre a realização de uma pesquisa participante em uma Moradia Estudantil e debatemos sobre negociações e condicionamentos para a realização do trabalho de campo; o quarto, em que abordamos a história da Moradia Estudantil investigada por meio da perspectiva da memória como registro histórico; o quinto, no qual apresentamos as residentes na Moradia Estudantil que participaram da pesquisa e lançamos olhares para suas histórias de vida e suas trajetórias acadêmicas e escolares. Neste capítulo, também discutimos o cotidiano acadêmico das estudantes participantes da pesquisa e a relação entre Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e estudantes; e, por fim, chegamos ao capítulo seis, onde apresentamos uma análise sobre a opressão desumanizante que pôde ser observada na experiência de campo. A pesquisa nos permitiu compreender como a desumanização está presente na vida dos discentes habitantes da Moradia Estudantil pesquisada, e opressões diversas como fome, racismo, homofobia, xenofobia, machismo, insegurança, más condições de trabalho, falta de infraestrutura e acesso a condições para o estudo foram relatadas e analisadas. Percebemos que embora a Assistência Estudantil desempenhe um papel fundamental na vida das estudantes consideradas em vulnerabilidade social, faz-se necessário a luta por um aperfeiçoamento destas políticas, que não alcançam a Assistência de maneira integral. Embora condicionadas por uma realidade de injustiças, o trabalho nos trouxe a percepção de que os estudantes habitantes da Moradia Estudantil observada acreditam na potencialidade do ato de estudar, e se empenham em suas atividades acadêmicas, pois acreditam em suas formações e possuem os seus estudos como caminho esperançoso de um futuro melhor, mais justo e menos desumanizante.   

O cenário etário da população brasileira vem se alterando e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 2025, o Brasil terá a 5ª maior população de idosos do mundo. Dados da INFOPEN mostram que, em 2016, existiam 726.712 pessoas privadas de liberdade no Brasil, sendo, pelo menos, 5.891 pessoas idosas presas, 87% na faixa entre 61 e 70 anos e 13% têm mais de 70 anos.  Essa pesquisa-ação busca entender o papel da poiesis no reconhecimento do eu para idosos que envelheceram no cárcere ou que foram condenados após a entrada na velhice. O lócus da pesquisa é a Associação de Proteção ao Condenado – APAC de São João del-Rei-MG e a amostra foi composta por doze idosos, entre homens e mulheres que poucas vezes tiveram oportunidades de refletirem sobre quem eram e/ou como se viam. O quadro teórico traz diálogos com Paulo Freire, principalmente quando entendemos a ação educativa como processo de formação tão particular e ao mesmo tempo essencialmente coletivo. Dialoga-se com Mario Ottoboni, idealizador da APAC, que conduziu ao longo de sua vida uma obra, inicialmente, religiosa até que se tornasse um sopro de humanidade no cumprimento de pena. Buscou-se, também, pesquisadores da Gerontologia (Batistoni e Cachioni) que se dedicam a entender o bem-estar subjetivo de idosos.

É comum no cotidiano da sala de aula ouvirmos os termos “adaptar” e “flexibilizar” o
currículo para os educandos da Educação Especial. Oficialmente, o professor tem a
obrigação de alinhar o conteúdo dado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL
(2017), o documento de maior referência para a Educação Básica às necessidades dos
sujeitos incluídos na escola. Entretanto, nem sempre há reflexão de como essa adaptação
ou flexibilização curricular ocorre na prática pedagógica. Por essa razão, o objetivo geral
da pesquisa é compreender quais orientações e contribuições a BNCC traz para o professor
em relação ao currículo adaptado e flexível voltado para a Educação Especial. Para tanto,
construímos nosso referencial teórico sobre “currículo”, considerado como território
contestado, a partir de autores como Santomé (1995), Silva (1999), Sacristán (2000), Lopes
e Macedo (2011), Candau (2002), Traversini et al. (2007), Mesquita (2010), Arroyo (2013),
Oliveira (2016) e Saviani (2016). Já a discussão teórica sobre “currículo inclusivo” se pautou
em Vigotski (1995), Glat e Blanco (2007), Mendes (2010), França (2013) e Capellini (2018).
Esta é uma pesquisa qualitativa, de caráter documental, tendo como objeto primordial de
investigação o documento da BNCC. Por meio de uma leitura exploratória do texto da
BNCC, buscaram-se orientações, menções, pistas e trechos mais importantes e que
tiveram relação com o tema. Além disso, para colaborar com o debate, foi feita uma revisão
bibliográfica utilizando o Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) sobre o currículo adaptado e
flexível na perspectiva inclusiva. Para o tratamento dos dados e informações coletadas
durante a pesquisa, utilizou-se a Análise de Conteúdo de Bardin (1976). Após situarmos a
base no contexto das políticas curriculares no Brasil, contabilizamos, organizamos e
analisamos o texto do documento a partir das seguintes palavras-chaves: adaptação,
adaptar, adequar, flexibilização, flexibilidade, diversidade, inclusão, currículo, educação
especial e educação inclusiva. Concluímos que os termos “adaptação” e “flexibilização” não
são tratados como deveriam, causando confusões em seus significados, e que não há uma
reflexão e um entendimento teórico sobre o que significam e sobre sua aplicação na prática
pedagógica. Além do mais, a BNCC se mostrou homogênea, contraditória, superficial e
pautada em um sujeito universal, deixando explícitos os interesses empresarias e a
mercantilização do ensino.

A presente pesquisa tem o objetivo de compreender como o campo da formação continuada
tem se constituído (ou não) na realidade dos professores de Educação Física que atuam na
rede municipal da cidade de São João Del Rei – MG. Para tanto, partiu-se do seguinte
problema de pesquisa: como a formação continuada em Educação Física Escolar tem se
constituído e é significada pelos professores desta área que atuam na rede Municipal da
cidade de São João Del Rei-MG? Atualmente a rede municipal de São João Del Rei-MG
conta com 8 professores de Educação Física que atuam nos segmentos do Ensino
Fundamental I e II, em 8 escolas da zona urbana do município. Contudo, participam desta
pesquisa 6 professores de Educação Física que atuam em 7 instituições, tendo em vista que
duas professoras que atuam em uma mesma escola manifestaram dificuldades em participar
do estudo em função da pandemia decorrente da Covid-19. A pesquisa assenta-se em uma
abordagem qualitativa (BOGDAN; BIKLEIN, 1994; DEMO, 1998; CHIZZOTTI, 2003; YIN,
2016). No processo de análise dos dados, utilizou-se a Análise de Conteúdo proposta por
Bardin (2016), que tem o objetivo compreender os significados contidos nas mensagens
comunicativas, neste caso em específico, nas entrevistas com os professores de Educação
Física. Emergiram da pesquisa três categorias temáticas denominadas: “Fatores de Desvio ou
de Motivação para a Formação Continuada”; “A Formação Continuada Praticada: Os Seus
Limites, Materialidade e Contexto” e “Demandas e Limites das Ações Formativas”. Esta
pesquisa evidenciou que a família, especialmente os filhos; e a indisciplina dos alunos são
aspectos que influenciam no desvio formativo destes professores. Enquanto responsável por
promover formações aos professores da rede municipal de Educação, constatou-se que a SME
cumpre esta função. Contudo, tais formações possuem contornos de imposição e não têm
atendido as demandas suscitadas pelos professores. Com efeito, para superar tais demandas,
os professores têm investido em formações via plataformas digitais de informação e
comunicação, especialmente, através das comunidades de aprendizagem virtual. Ainda em
relação a utilização das plataformas de informação e comunicação para a formação
continuada de professores, também foi possível identificar que os professores têm
estabelecido relações com a Mídia-Educação. Também se verificou que as políticas de
formação para professores, através dos Programas Residência Pedagógica e Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência que são Programas de incentivo e valorização
do magistério também são formações significativas para os professores de Educação Física.
Em se tratando das demandas formativas suscitadas pelos professores, observou-se que a
inclusão de pessoas com deficiência nas aulas de Educação Física escolar e a mobilização
didática pelos professores foram as questões mais efervescentes. Já em relação as limitações
em torno das formações que os professores participaram, eles destacam a ausência de recursos
ofertados pela escola para o desenvolvimento das aulas e a ausência de trocas de experiências
com os pares. Os professores destacaram que a escola e a universidade são fundamentais para
o processo de formação continuada. Além disto, os professores também sugeriram que os
módulos formativos escolares fossem utilizados como espaço de formação para os
professores. Ao se referirem as expectativas para este trabalho, os professores indicam como
desdobramento a realização de um curso de formação continuada, mostrando interesse em
participarem.

O presente estudo se insere no campo da Sociologia da Educação, especificamente, nos trabalhos que tratam da compreensão das trajetórias escolares de famílias oriundas dos meios populares. O objetivo desta Dissertação, com base em um estudo de caso, é: 1) identificar, analisar e compreender a possibilidade de irradiação de um capital escolar construído ao longo de gerações; 2) explicar porque ele não se propaga de forma linear, nem contínua, entre os membros da família da quarta geração e parece se configurar como um trunfo perdido para alguns jovens desta família. A metodologia utilizada foi a entrevista genealógica e respectiva análise de conteúdo, para a reconstrução e investigação das trajetórias dos cinco jovens pesquisados. Os questionamentos que norteiam as análises são os seguintes: o que acontece em termos escolares, na quarta geração dessa família, que indica que o efeito de irradiação se configura como um trunfo perdido para alguns jovens? Por que alguns jovens da família parecem não dar valor a escola? O que se passa nessa família, entre seus membros, nas suas relações com a escola, que faz com que alguns descendentes não vejam o sucesso escolar como uma possibilidade de maior ascensão econômica e cultural? De modo geral, os resultados apontam que a presença de diferentes modelos socializadores e a relação com o saber desenvolvida pelos jovens são pontos fundamentais para compreender as diferentes trajetórias desenvolvidas pelos jovens pesquisados. De acordo com a dinâmica social à qual os jovens estão inseridos em um determinado período, eles se apoiam em modelos socializadores diferentes, ora pautados na escola, ora na vida prática. Já, sobre a relação com o saber, quando não é desenvolvida uma relação de gosto com os estudos, capaz de mobilizar o indivíduo a ponto dele se esforçar e, mesmo ao se esforçar, ainda conseguir sentir prazer naquilo que faz, a relação com o saber fica prejudicada. Ademais, fica evidente, também, que essa relação não é estática, incapaz de se reconfigurar ao longo do tempo, pois é possível que a relação com o saber seja reformulada de acordo com os objetivos pessoais almejados

O cenário do trabalho vem passando por modificações significativas e a flexibilização
imposta pelo novo capitalismo interfere na vida profissional de muitos trabalhadores. Para os
professores e professoras, não é diferente. No caso dos docentes do ensino superior público
federal, a atuação no ensino, pesquisa, extensão e gestão acadêmica, a contratação para
dedicação exclusiva e outras condições e arranjos do trabalho conformam processos e
organizações intensas e horas extensas de trabalho. A partir desse cenário e das leituras de
Sennett (2010), Antunes (2009), Codo (1999), Clot (2006), Mancebo (2007) e Tardif (2014),
entre outros autores e autoras, compartilham a perspectiva teórica que discorre sobre o
cenário do trabalho, suas mudanças e como esse contexto alcançou o trabalho dos docentes
na universidade e oportunizou riscos a sua saúde. Nesse sentido, esta pesquisa versa sobre a
saúde do docente no ensino superior. A pesquisa segue a abordagem qualitativa e foi
realizada com a colaboração dos docentes da Universidade Federal de São João del-Rei
(UFSJ). O estudo teve como objetivo investigar a saúde do docente universitário
considerando seu ambiente de trabalho, aqui especificamente o contexto da UFSJ. Nessa
perspectiva, usamos a pesquisa documental para analisar a história da instituição
universitária, sua expansão e sua proposta de atenção à saúde de seus servidores bem como
recorremos ao questionário on-line para levantamento dos adoecimentos e afastamentos dos
docentes e suas percepções acerca da geração de riscos à sua saúde no ambiente de trabalho.
Os dados foram organizados a partir de temas semelhantes, que foram compilados em
categorias empíricas, além da construção de gráficos e tabelas, as quais facilitam a
observação das informações. O estudo aponta que o crescimento institucional acelerado
caminhou em descompasso com a estrutura e condições de trabalho na universidade
indicando aspectos frágeis e precários na organização e processos de trabalhos na
universidade. Notamos, ainda, que a maior parte dos casos de adoecimentos não gera
afastamentos e o sistema de apoio ao servidor não registra nem acompanha docentes e
técnicos-administrativos de modo a considerar as especificidades de cada trabalho. O
ambiente de trabalho, em suas condições tanto físicas quanto das relações profissionais,
indica sofrimentos, adoecimentos e persistência do docente, que resiste doente no trabalho.
Os resultados indicam que a intensificação do trabalho docente gerada pela expansão da
UFSJ somada à flexibilidade do trabalho contemporâneo e multitarefas/polivalente colocadas
na educação pelo capitalismo, no ambiente institucional universitário estudado, oferecem
riscos para a saúde do trabalhador docente, que convive com a sobrecarga, o estresse e outros
sofrimentos e adoecimentos. Desse modo, o cuidado com a saúde do docente universitário
exige uma compreensão complexa de aspectos macroestruturais e micropolíticos dos
processos de trabalho no contexto da educação brasileira para nos aproximarmos dos nexos
causais entre saúde e trabalho em nossa sociedade.

A pesquisa a seguir alinha o universo da poesia ao da ciência, analisando o diálogo entre essas duas áreas do conhecimento e as potencialidades no sentido de uma formação humana e crítica. Primeiramente foi elaborado um quadro teórico reunindo autores que justificam a utilização da poesia como forma de construir conhecimento e relacionam arte e ciência. Na sequência, é apresentada uma revisão bibliográfica de trabalhos nesta linha de pensamento e ação. A parte empírica se dividiu entre uma intervenção com licenciandos da disciplina Pesquisa em Educação Química com a aplicação de um questionário e o desenvolvimento de investigações pelos discentes. Após o levantamento dos dados do questionário, analisamos as pesquisas dos licenciandos por meio de categorias seguidas de uma análise de suas conclusões. A pesquisa possibilitou um olhar amplo sobre a poesia aliada ao ensino de ciências ressaltando as problemáticas da inserção da temática na escola e também suas possibilidades de formação, que partem do encantamento, do sensível e da descoberta ao novo a partir do universo da arte.

Este trabalho tem o objetivo de identificar, compreender e analisar as práticas educativas
realizadas no curso normal do Colégio Imaculada Conceição, situado na cidade de Barbacena
– MG, no período entre 1900 e 1940, de modo a compreender como se dava a formação de
meninas, futuras professoras, nessa instituição confessional. O trabalho de pesquisa se
justifica tanto pelo ineditismo da instituição e fontes pesquisadas, como pela contribuição para
as investigações sobre “praticas educativas” dentro de uma instituição católica. A
metodologia consta do levantamento bibliográfico, da leitura, seleção e pesquisa em fontes
históricas institucionais e periódicos locais, assim como a consulta à historiografia que trata
sobre as seguintes temáticas: mulheres, formação de professoras, catolicismo e as práticas
educativas ao longo da história da educação brasileira. Os resultados apontam que não
existem trabalhos relacionados à instituição de ensino pesquisada, Colégio Imaculada
Conceição, bem como são poucos os que analisam sobre práticas educativas em colégios
confessionais católicos. A leitura e análises da documentação possibilitaram a identificação de
práticas educativas relacionadas à constituição de um perfil de feminilidade das alunas com
grande destaque aos trabalhos manuais, à disciplina no interior da instituição, assim como
entender a estratégia utilizada pelo Colégio Imaculada Conceição para se adaptar aos
discursos escolanovista no decorrer dos anos. Diante dessa investigação foi possível verificar
a preocupação da instituição na formação de professoras seguindo um discurso ultramontano,
nacionalista, cujo objetivo era formar as mulheres de elite e educadoras em prol da nação e da
sociedade.

O presente trabalho se constituiu em uma pesquisa qualitativa que buscou descobrir quais os
significados de cursar a disciplina Mídia-Educação no Bacharelado em Educação Física da
UFSJ e, de maneira específica, entender quais os mecanismos atuantes para que esses
significados surjam e ainda, quais representações sobre a disciplina são mais visíveis para os
alunos do Bacharelado. Aceitaram participar do presente trabalho 12 acadêmicos matriculados
no Bacharelado em Educação Física (de um total de 20) que foram contatados por e-mail,
mensagens no aplicativo Whatsapp e contato pessoal. Utilizou-se para a coleta de dados o
método de Grupos de Discussão guiados por um roteiro de perguntas pré-estabelecido. Os
Grupos de Discussão aconteceram em duas sessões nos campi Dom Bosco e Tancredo Neves,
com cada grupo contando com seis participantes. A exploração dos dados obtidos se deu por
meio da Análise de Conteúdo de Laurence Bardin. Para isso, foi utilizado o Software Livre
WEFT-QDA, uma ferramenta de código aberto para a análise de dados textuais. Como
resultado da análise dos dados, três categorias que abarcavam as falas dos participantes foram

criadas por meio da Análise de Conteúdo, sendo elas: (i) Expectativas quanto a Mídia-
Educação; (ii) Relevância Crítica da Mídia-Educação; e (iii) Contextualização didático-
pedagógicas. Como resultado constatou-se que a Mídia-Educação tem sim um lugar no

Bacharelado, contudo a visão apresentada pelos participantes, aponta para um entrelugar entre
o desenvolvimento da análise crítica aprofundada e a relação da disciplina a outros contextos
da área de atuação do Bacharel (esportes e fitness). As representações dos alunos sobre o estudo
da mídia, como temática inerente ao seu campo de atuação, vinculam-se ao fato de ter
conhecimentos que apontem, com maior ênfase para os pressupostos da sua (futura) área
profissional. Assim temáticas que não foquem no esporte e no mundo do fitness foram
prontamente rechaçadass. Por conta disso, uma verdade (preocupante) ao se tentar entender as
representações discentes, se dá no fato de que os alunos possuem uma percepção do
Bacharelado (ao menos durante o decurso da disciplina Mídia-Educação) distante de um olhar
unificador do campo da Educação Física, apresentando uma forte tendência ao apontar cada vez
mais, para uma separação das modalidades de formação. É válido levar em conta que as
percepções dos acadêmicos desta pesquisa ainda estão sujeitas a modificações, uma vez que
estavam cursando o segundo semestre do curso (em um total de oito semestres) e, portanto,
ainda poderão encontrar ao longo de suas trajetórias formativas outras experiências que venham
a ampliar ou mesmo ratificar as percepções por hora manifestadas.

Este trabalho tem como objetivo fazer um estudo da representação dos negros em duas
coleções de livros didáticos de História, para o Ensino Fundamental, do autor Gilberto
Cotrim, tendo como marco divisor a Lei 10.639/03. O estudo das representações permite que
sejam evidenciadas as diferentes práticas de hierarquização de coletividades na sociedade.
Entende-se que o livro didático é fonte de pesquisa em que os alunos negros podem encontrar
elementos representativos de sua própria etnia. Nesse sentido, a ideia de representação dos
negros é entendida, neste trabalho, sob a luz de Roger Chartier. No que tange a análise da
produção de livros, foram mobilizadas as ferramentas de Michel Foucault como o dispositivo,
e as relações de poder, saber e verdade contidos nos livros das duas coleções. O procedimento
metodológico utilizado na pesquisa foi a análise documental, ou seja, a de duas coleções de
livros didáticos aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD),
respectivamente dos anos de 2002 e 2017. No total são oito livros didáticos do Ensino
Fundamental de História, de Gilberto Vieira Cotrim, sendo quatro do ano de 2002 (5a a 8a
séries) e quatro de 2017 (6o a 9o anos). A opção em analisar uma coleção de 2002 e outra de
2017 se faz no sentido de perceber possíveis modificações na representação dos negros
geradas pela Lei 10.639. Com os dados colhidos o interesse foi: 1) Compreender como foi
construída a História dos negros nos livros didáticos; 2) Investigar de que maneira os negros
foram representados nos textos (verbais e imagéticos); 3) A correspondência entre o PNLD e
os livros didáticos analisados. Os resultados apontam mudanças qualitativas e quantitativas
sobre a representação do negro nos livros didáticos após a Lei 10.639/03. As mudanças
podem ser depreendidas, sobretudo, nas formas de representação das imagens e dos discursos
verbais. Desta forma, pode-se perceber que a Lei 10.639/03 surtiu efeito na produção dos
livros didáticos.

Este trabalho se propôs a pensar algumas possibilidades de trabalhar com leitura de
imagens, no caso, fotografias, pois, cada vez mais, essa leitura se torna importante em um
mundo repleto de imagens. A busca por caminhos nos quais conseguimos desdobrar a
imagem em pensamentos criativos e potentes se dá de maneira rizomática e está presente
em todo o trabalho tendo como inspiração a cartografia. A ideia de uma travessia em
companhia de imagens e conceitos nos ajuda a nos desprendermos do senso comum e a
pensar na potência do encontro com a fotografia. Para isso, fez-se necessário trazer para
o diálogo conceitos como devir, dobra e fora, e autores como Rouillé, Deleuze, Guatarri,
Barthes, Blachot e Warburg, criando encontros entre esses conceitos e fotografias autorais
de outros artistas, para pensar as relações entre fotografia, educação e leitura de imagens.

Este trabalho investigou como ocorre o cuidado e a educação dos bebês nas práticas educativas no berçário de uma creche, localizada na periferia do município de Juiz de Fora, Minas Gerais. Apresentou-se, por meio de episódios, uma mostra do processo indissociável das ações de cuidar e educar bebês em ambientes coletivos educacionais, numa perspectiva humanizadora. A pesquisa foi pautada nos fundamentos da teoria Histórico-Cultural de Vigotski, especialmente na situação social do desenvolvimento humano na primeiríssima infância em que o processo de humanização se dá na relação com o outro mais experiente e o meio, e nos postulados da abordagem Emmi-Pikler, na compreensão das ações de cuidado e educação com práticas que respeitam o bebê e a criança pequena, oportunizando o movimento livre e a atividade autônoma. A metodologia se firmou numa abordagem qualitativa. O percurso da pesquisa aconteceu por meio da observação com registros fotográficos, fílmicos e notas de campo, os quais oportunizaram a produção e a análise de episódios a luz da literatura sobre cuidado e educação dos bebês. O crescimento e os avanços nos últimos anos sobre a primeiríssima infância, no âmbito histórico, legal, documental e acadêmico, contribuíram ao longo do tempo para que as possibilidades do trabalho pedagógico com os bebês superassem alguns desafios e, também, permitiram elucidar as adversidades ainda presentes no dia a dia da creche. No geral, como resultado da pesquisa ficou evidente que em alguns momentos as práticas educativas de cuidado eram consideradas dissociáveis das de educação, no entanto, diferentes momentos revelaram a creche como espaço educativo, potente e de vida que desvelados mostraram a potência das práticas promotoras de aprendizagem e desenvolvimento.

Desde os anos de 1990, a Inclusão Social passou a ser um assunto recorrente nas mais
diversas áreas da sociedade, entre elas, as instituições de ensino superior. Desde que se tornou
imperativo de Estado, as pessoas com deficiência, como são denominados pela lei,
conquistaram espaço social. Com isso, mais informações foram estabelecidas em caráter
legal. A última delas, a Lei no 13.146, de junho de 2015, conhecida como Estatuto da Pessoa
com Deficiência, explana, além de outros aspectos, sobre a educação superior e a inclusão
(BRASIL, 2015). Sendo assim, as políticas públicas inclusivas dos anos mais recentes
fomentaram a abertura de oportunidades e muitos ingressam no ensino superior. Todavia,
muitos quantos? Quem? Que caminhos os levaram até a universidade? São perguntas que
persistem. Com isso, foi proposta uma investigação com o objetivo de mapear os alunos
graduandos autodeclarados com deficiência nos cursos da Universidade Federal de São João
del-Rei (UFSJ) e conhecer seus desafios e suas conquistas ao longo de suas trajetórias de vida
escolar e no ensino superior. A pesquisa foi desenvolvida buscando agregar diversas
informações acerca do tema de forma que, inicialmente, foi feita uma revisão bibliográfica em
diferentes bancos de dados, seguido de um levantamento de documentos legais desde a
Constituição Federal de 1988 traçando os caminhos percorridos para a democratização do
ensino superior. Posteriormente, realizou-se um trabalho de campo, iniciado com um
questionário aplicado no conjunto de alunos com deficiência em situação de inclusão na
universidade. Destes, posteriormente, 03 foram entrevistados, na perspectiva da entrevista
narrativa. Para a análise, a teoria de Pierre Bourdieu foi o arcabouço teórico-metodológico,
predominante, a partir dos conceitos de herança cultural, dos diversos tipos de capital e de
habitus. Assim, a pesquisa possibilitou conhecer o perfil dos alunos com deficiência da UFSJ
bem como a trajetória escolar de alguns e, com isso, compreender o que fizeram para
conseguirem alcançar o ensino superior. Alunos provenientes de camadas de baixo poder
aquisitivo e com deficiência tiveram seu acesso permitido à Universidade nos últimos anos.
Não é possível pensarmos nisso sem considerarmos como a Lei das Cotas (Lei 12.711, de 29
de agosto de 2012) influenciou de forma positiva esse ingresso. Evidencia-se que, dentre os
alunos com deficiência matriculados na UFSJ, boa parte deles não teria a possibilidade da
continuidade dos estudos em nível superior (BOURDIEU, 2015). Já as entrevistas
apresentaram aproximações e distanciamentos entre os alunos. A interrupção dos estudos, o
incentivo de continuarem estudando por pessoas de fora do círculo familiar e o pertencimento
a um grupo foram algumas das aproximações constatadas. Nesse tocante, as teorias de
Bourdieu acerca da intenção da família de transmitir seu status quo para os descendentes
foram afirmadas. Os três tiveram como incentivo principal amigos, colegas de trabalho e, no
caso de Ana, os intérpretes da LIBRAS com quem convivia no período escolar. Outra questão
que sobressaiu nas entrevistas, é que a relação aluno-professor ainda é um desafio. Para uma
atitude inclusiva, tem que haver empenho e levar em consideração as necessidades individuais
e o reconhecimento da heterogeneidade das turmas de graduação. Conclui-se também que a
revisão de conceitos e atitudes é essencial. A experiência como pesquisador gerou reflexões.
Em especial, no contato com os entrevistados, foi possível repensar minhas próprias atitudes
enquanto profissional e pesquisador. O ato de pesquisar gera trocas de conhecimentos e o
reconhecimento em algumas situações, que, inevitavelmente, compele a uma profunda
reflexão sobre a realidade pesquisada, mas, talvez, principalmente, sobre nós mesmos.

No campo da Sociologia da Infância e da Pedagogia Social diferentes pesquisadores se debruçam sobre o tema da criança e do adolescente em situação de vulnerabilidade social. Este tema vem sendo discutido no Brasil, mais especificamente, desde a década de 1990, trazendo o contexto histórico sobre como aconteceu a construção social da infância e adolescência pobres. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar as vozes das crianças sobre suas vivências em uma instituição “Casa Lar”, tendo em vista fatores que abarcam a construção social de suas infâncias. Os objetivos específicos foram: apresentar um breve histórico sobre a legislação e políticas públicas para as crianças e adolescentes que passam por processos de abandono, internação e acolhimento no Brasil; discutir as formas como perpassaram a construção social da infância, apresentando o embasamento teórico contextualizando historicamente dentro dos estudos sociais da infância. Para tanto foi realizada uma pesquisa de campo, qualitativa, utilizando a observação participante e conversas com as crianças. A análise dos dados foi organizada nos seguintes eixos temáticos encontrados a partir das vozes crianças participantes da pesquisa: 1) Construções de identidade; 2) Invenção de brinquedos e brincadeiras; 3) Convivência familiar e comunitária; 4) Castigo; e 5) Pertences pessoais. Os fatores que abarcaram a construção social das crianças estudadas passaram através de suas vozes por uma divisão em eixos que geraram temas que dizem respeito à construção social dessas infâncias. Assim como a construção de brinquedos e brincadeiras realizados a partir do protagonismo das crianças como sujeitos que estão no mundo e constituem os seus mundos imaginários. As crianças apresentaram os seus mundos, convidaram para adentrá-lo e mostraram as regras. O apelo pela convivência familiar e comunitária, o castigo como controlador de corpos, a construção dos seus processos de identidade junto com a ausência de seus pertences pessoais pode desvelar como ocorre a construção social da infância institucionalizada.

A presente dissertação objetivou compreender a matemática empregada na construção estética
das colchas e tapetes produzidos artesanalmente em Resende Costa - MG, bem como sua
relação com o Programa Etnomatemática, visto que a produção da tecelagem artesanal
resendecostense está integrada a culturas e técnicas permeadas por saberes que constituem
parte do patrimônio cultural da comunidade, representando um bem imaterial protegido e
documentado. Para isso, este trabalho de pesquisa foi conduzido sob a perspectiva da
Etnomatemática e teve como referencial teórico principal as contribuições do autor Ubiratan
D’Ambrósio. Assim, questionou-se sobre qual a correspondência existente entre a matemática
escolar e o saber-fazer presentes na tecelagem de Resende Costa, considerando,
particularmente, a confecção de desenhos em colchas e tapetes. Questionou-se, também, se as
dimensões do Programa Etnomatemática são observadas no saber-fazer dessa comunidade
tecelã e quais são as suas características específicas. Sendo assim, o grupo escolhido para este
estudo foi formado por pessoas do município que desenvolvem padrões decorativos no tear
manual. Ao todo, 18 tecelãs e tecelões responderam a um questionário de entrevista, havendo,
ainda, a observação da confecção de tapetes realizada por duas tecelãs, com acompanhamento
da elaboração de seus desenhos. Assim, houve uma aproximação entre essa arte e a
matemática a partir da coleta de dados no campo, com o intuito de compreender os saberes e
fazeres desses sujeitos em relação à tecelagem e à matemática utilizada. Portanto, este estudo
está fundamentado no procedimento etnográfico no que se refere à realização de uma pesquisa
qualitativa exploratória que utilizou entrevistas e observações participantes do tipo
moderadas, com registro de imagem, áudio e vídeo. Os resultados indicaram a descoberta de
um universo particular, ou seja, tanto no que tange ao modo de viver da comunidade tecelã
quanto no campo da matemática. Nesse sentido, verificou-se que, para o exercício dessa
atividade artesanal na confecção das colchas e tapetes com desenhos, as tecelãs e tecelões
fazem uso de contagem de números, reta numérica, operações básicas, medidas, princípio de
simetria, figuras espelhadas, noções básicas da geometria e geometria plana. Durante a
trajetória de pesquisa, também houve a percepção de que essa atividade de tecelagem tem
algumas características que se enquadram nas dimensões conceitual, histórica, cognitiva,
epistemológica, política e educacional do Programa Etnomatemática. Por fim, elaborou-se
uma proposta de inclusão da tecelagem resendecostense na Educação Matemática.

Esta pesquisa busca compreender a ação educativa realizada pelos charreteiros da cidade
de Tiradentes (Minas Gerais), bem como as experiências vividas por eles e de que forma elas
aparecem representadas nas narrativas e histórias que contam aos turistas, ao conduzi-los pelas
ruas da cidade.
Ao longo dessa pesquisa, foram utilizados questionários socioculturais para traçar o
perfil do grupo, observações diretas das atividades dos charreteiros nos pontos turísticos e
passeios de charrete. Foram realizadas, ainda, entrevistas a partir da abordagem da História
Oral, para reconstituir as histórias de vida dos charreteiros, sempre buscando a compreensão
dos testemunhos no contexto histórico e cultural da cidade.
Os charreteiros são considerados oficialmente patrimônio imaterial da cidade, por uma
lei municipal. Foi possível perceber que se trata de um grupo majoritariamente masculino, cuja
escolaridade se concentra no Ensino Fundamental, que tem o hábito de visitar museus e que se
reconhece como patrimônio da cidade. Suas narrativas se concentram nos seguintes temas:
História da cidade de Tiradentes e ocupação do território com a descoberta do ouro, Patrimônio
Material (ou “de pedra e cal”, presente no conjunto arquitetônico tombado), Patrimônio
Intangível (lendas, tradições, religiosidade e humanidade), Personagens considerados
importantes que ali viveram e suas ações, Inconfidência Mineira e alguns aspectos sobre a
Escravidão.
A cidade de Tiradentes é o local onde eles passaram a infância e também onde residem
e trabalham, é nesta cidade que estão as suas memórias, sentidos e afetos. Suas narrativas
partem das experiências que vivenciaram na cidade, dos casos contados e partilhados em
família, da educação formal recebida na escola e livros didáticos, das conversas com os amigos
de ofício, da religiosidade e de suas tradições. Assim, cada charreteiro ou charreteira
entrevistado/a apresenta a sua versão da história, a representação daquilo que tem significado e
sentido, havendo, ao mesmo tempo, uma memória coletiva da cidade que é narrada ao longo
dos passeios de charrete.

Considerando a hipótese de que as escolas técnicas federais - os atuais Institutos Federais (IFs) - apresentam uma excelência na oferta de cursos, qualidade determinada pela estrutura física, qualificação do corpo docente e técnico, programas de apoio ao discente e variedade nos níveis de cursos ofertados, é de se esperar que a escolha por esse tipo de estabelecimento escolar faça parte da estratégia de determinadas famílias. A presente pesquisa tem como objetivo compreender o processo de escolha do IFMG Campus Ribeirão das Neves para o ensino técnico integrado ao ensino médio dos filhos de um grupo de famílias as quais constituíram o objeto deste estudo. Compondo a abordagem mais específica da pesquisa, primeiro buscou-se analisar o perfil dos alunos e das famílias que possuem filhos matriculados nos cursos de ensino técnico integrado ao ensino médio do IFMG Campus Ribeirão das Neves. Tal análise possibilitou uma aproximação inicial das famílias e, mais objetivamente, conhecer os sujeitos pesquisados. Em um segundo momento, investigou-se como se deu o trabalho escolar das famílias para a definição do estabelecimento de ensino dos filhos, especificamente a escolha do IFMG Campus Ribeirão das Neves. Nesta perspectiva, pesquisou-se junto às famílias como ocorreram as escolhas das escolas no ensino fundamental até a chegada ao IFMG. E, por fim, buscou-se verificar se diferentes famílias apresentam estratégias diferenciadas e definidoras para a escolha do estabelecimento escolar em questão, considerando que cada família tem anseios e projetos próprios de escolarização para os filhos. O embasamento conceitual de Bourdieu (2015), Nogueira (1998), Portes (1993, 2001) e demais teóricos da sociologia da educação deram sustentação ao desenvolvimento da pesquisa. O percurso metodológico de natureza qualitativa e os recursos metodológicos utilizados – mapeamento do campo, análise de questionário / formulário, entrevistas e análise de conteúdo – orientaram a condução dos procedimentos. Por fim, a pesquisa apontou como resultados a ação do habitus das diferentes famílias na escolha do estabelecimento escolar dos filhos; o trabalho escolar das famílias, evidenciado nas disposições presentes nos esforços psicológicos, sociais e econômicos empreendidos na entrada e manutenção dos filhos no IFMG; o protagonismo das mães na condução da formação escolar das famílias, que, mesmo com graus de escolaridade distintos, possuem intenções semelhantes para o sucesso / longevidade escolar dos filhos.

Neste estudo foi desenvolvida uma etnografia que acompanhou os primeiros dias de uma jovem graduanda em laboratórios de pesquisas científico-acadêmicas na área de Ciências Biológicas na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). As orientações teórico-conceituais e metodológicas foram fundamentadas no campo dos Estudos da Ciência (Science Studies), também denominado Antropologia da Ciência (LATOUR e WOOLGAR, 1997; LATOUR, 2000, 2001, 2011), e na Teoria Ator-Rede (TAR) (LATOUR, 2012). A estudante-cientista investigada atuou na pesquisa enquanto actante focal (AF)(CALLON, 2007), assim, o estudo etnográfico intentou compreender como ocorreu seu processo formativo durante a iniciação nas atividades científicas. Para isso, foi adotado o conceito de afetação (LATOUR, 2008) tendo em vista perceber a aprendizagem enquanto condições de se associar com o meio e de responder a ele de forma mais articulada. (LATOUR, 2008, MELLO, 2011) A coleta de dados ocorreu entre os meses de maio de 2018 a julho de 2019 e contou com observação participante, registros fotográficos e anotações em caderno de campo. Os eventos analisados neste texto se concentraram nos sete primeiros encontros com a AF, compreendidos entre os dias de 08 de maio de 2018 a 25 de setembro de 2018. Nossas análises indicaram que a pesquisa desenvolvida pelo grupo de estudos acompanhado apresentou uma série de etapas e procedimentos que foram registrados como transformações (LATOUR, 2008) referentes às ações científicas nas quais a informação é conduzida e modificada pelos pesquisadores e atores não-humanos durante o evento científico. (LATOUR, 2001, 2008, 2011) Os resultados indicam que o carácter público da instituição de ensino onde ocorreu a formação da actante focal deixaram marcas na suas experiências de pesquisa, nas práticas desenvolvidas pelos pesquisadores e na ciência produzida. Esse caráter esteve expresso na contratação dos atores humanos, na infraestrutura da instituição e no financiamento das pesquisas. Em meio a essas características, surgiram também práticas científicas que permitiram aos pesquisadores lidar com bloqueios, problemas e escassez de recursos — o que, em termos coloquiais, entende-se por gambiarras. Ao participar dessa rede de experimentos científicos, a estudante-cientista se associou a um número diverso de actantes e, em algumas situações, apresentou evidências de ser afetada por e com eles, agregando uma performance mais articulada do seu corpo (LATOUR, 2008) no/com o laboratório.

A presente pesquisa tem por objetivo fazer uma leitura do documentário Nascidos em Bordéis (Born into Brothels: Calcutta’s Red Light Kids, EUA-Índia, 2004) analisando a fotografia enquanto dispositivo pelo viés da Educomunicação. Mais que trabalhar a Comunicação com a Educação, a Educomunicação é uma área do conhecimento relativamente nova e está em expansão, mostrando-se como um campo de intervenção social onde dois elementos fundamentais colaboram para a sua execução: o educomunicador e as ferramentas ou dispositivos educomunicativos. O modo de investigação utilizado nesta pesquisa foi a cartografia. Com isso, pretendeu-se, também, estabelecer uma aproximação entre cartografia e Educomunicação com base nas ações de Zana Briski, uma fotógrafa que também é personagem no documentário Nascidos em Bordéis. A questão que orientou esta pesquisa foi: pode a fotografia ser identificada como um dispositivo de Educomunicação em Nascidos em Bordéis? Ao fim da pesquisa, foi possível compreender o processo em torno da questão-problema e como o documentário pode servir de exemplo para entender práticas educomunicativas

Essa pesquisa teve o objetivo de analisar as contribuições do modelo dos cinco recursos do letramento digital crítico (HINRICHSEN; COOMBS, 2013) na formação de um grupo de licenciandos do curso de Química da UFSJ partindo de suas interações com um vídeo e uma hipermídia retratando os saberes da comunidade sobre a produção do doce de leite e suas explicações científicas. A pergunta que norteou a pesquisa foi: quais os efeitos do modelo dos cinco recursos do letramento digital crítico na percepção dos estudantes sobre as suas interações com o DVD e a hipermídia? Buscamos inicialmente observar a interação de 22 licenciandos da unidade curricular Instrumentação para o ensino de Química IV com as mídias sobre o doce de leite. Anteriormente, aplicamos um questionário na turma visando compor grupos para observação mais próxima. Dois grupos de quatro acadêmicos foram selecionados para registro das interações em vídeo, segundo os mais e menos familiarizados com o uso de tecnologias digitais. A interação ocorreu durante duas aulas, seguida de uma primeira discussão. Depois, houve uma ação educativa da pesquisadora tratando do modelo supracitado, seguindo-se a sua discussão no interior dos grupos com a segunda interação e com revisão das ações estabelecidas inicialmente com as mídias e posterior discussão coletiva. Posteriormente, devido ao objetivo da unidade curricular de familiarizar os licenciandos com a pesquisa em ensino de química, propomos que os acadêmicos desenvolvessem investigações tendo como referencial teórico o modelo dos cinco recursos. A análise dos dados foi realizada com base na Análise de Conteúdo (BARDIN, 1994). Os resultados permitiram observar o que os licenciandos perceberam na análise de cada recurso do modelo: decodificação, produção de significados, usos, análise e imagens pessoais. Sobre decodificação, o modelo permitiu que organizassem os conhecimentos que tinham a respeito das tecnologias digitais, passaram a perceber as mídias como um todo, localizando-se espacialmente e diferenciando os elementos que traziam, além de realizarem uma navegação mais atenta. Sobre produção de significados, conferiram maior significação aos saberes da comunidade em comparação com as explicações científicas relativas ao preparo do doce de leite e realizaram uma leitura mais fluida. Sobre os usos, os acadêmicos criaram possibilidades de utilização das mídias analisadas no ensino. Sobre análise, se atentaram para um aprofundamento da navegação e da leitura, ampliaram suas percepções e procuraram analisar e avaliar o DVD e a hipermídia mais criticamente. Sobre o recurso imagens pessoais, eles passaram a observar elementos tais como segurança, reputação e identidade. Em suas investigações, foram realizadas cinco pesquisas pelos licenciandos organizados em grupos: um deles analisou postagens de um professor universitário em uma página no Facebook; outro investigou o uso de celular nas atividades acadêmicas do curso de Química; um estudo foi sobre o letramento relativo ao uso do PowerPoint nas experiências de apresentação de trabalhos acadêmicos; um grupo investigou as percepções de graduandos de Química sobre a construção de modelos concretos de estruturas cristalinas versus digitais e os recursos digitais utilizados em uma escola particular do município foram o tema da única investigação feita em uma escola da educação básica. Com base neste conjunto de ações, os licenciandos compreenderam os alcances do modelo e a importância da inserção do letramento digital no ensino. Os resultados apontaram para a ausência e a necessidade de integrar o letramento digital no ensino superior, sugerindo a realização de práticas colaborativas entre estudantes e professores. O modelo dos cinco recursos do letramento digital crítico pode auxiliar na sistematização e organização das ações, uma vez que apresenta parâmetros para compreender e avaliar o consumo e a produção de recursos digitais.

Alice é a personagem criada pelo escritor inglês Lewis Carroll no século XIX, e suas histórias estão descritas em dois livros: Aventuras de Alice no País das Maravilhas (1865) e Alice Através do Espelho e O Que Ela Encontrou Por Lá (1871). Acreditamos na potência educativa destas histórias, que se conectam com a literatura e imagens, o que nos fez tomar estas histórias como nosso objeto de pesquisa. Nosso objetivo principal é encontrar as possibilidade e potências de aprendizado com a obra de Alice. Através do histórico dessas obras, tanto em sua época quanto nos dias atuais, destacamos a presença do aspecto nonsense O método da cartografia ampara nossos processos nesse trabalho, amparamo-nos também com as contribuições teóricas de Deleuze e Guattari (1995, 1997), Oliveira e Paraíso (2012), Costa (2014). Para situar essa análise, fizemos uma espécie de “inventário” ou mapa cartográfico das principais releituras dos livros de Carroll, sendo que algumas delas se tornaram canônicas e influentes, enquanto outras ainda hoje parecem desafiar estereótipos a respeito do universo literário do próprio Carroll. A noção de “identidade”, tão cara a outras perspectivas de análise, é tida por nós como problemática, na medida em que lidamos com um conceito de aprendizagem inventiva. Por fim, novas imagens são apresentadas por nós, criadas para esse trabalho, em um esforço de metodoalices e artesania que envolvem a exposição e discussão do processo de criação. Na obra de Carroll, portanto, buscamos não apenas entender a potência de seu caráter nonsense, mas também nos inspiramos de maneira propositiva, com um processo comentado que possa ser potente para o campo educacional.

A presente dissertação configurou-se como uma pesquisa-ação dentro de uma abordagem qualitativa e buscou compreender de que maneira a aproximação docente das TDIC pode oportunizar a revisão e transição de determinadas crenças pedagógicas acerca do uso destes dispositivos na educação. A pesquisa foi realizada em uma turma dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Escola Estadual Tomé Portes del-Rei da cidade de São João del-Rei em Minas Gerais e teve como apoio para a realização das atividades com as TDIC o Projeto Byte Maluquinho. A pesquisa-ação empreendida envolveu a cibercultura e seus desdobramentos à educação, tendo em vista a apropriação social das TDIC. As ações de construção de dados sucederam nos espaços tradicionais de lugar (sala de aula) e no ciberespaço, se fundaram com base em observações, acompanhamento de produções virtualizadas e uma entrevista semiestruturada com uma professora. Para sistematizar os dados empíricos foi utilizado o software Atlas.ti, que auxiliou no processo de tratamento, relacionamento e inferências que compuseram a Análise de Conteúdo desenvolvida. As contribuições da professora, categorizadas por intermédio da Análise de Conteúdo, indicaram que existem poucas Políticas Públicas Educacionais voltadas para a inclusão das tecnologias digitais na escola. Nesse sentido, constatou-se também o precário suporte de infraestrutura e a inexistência de suporte pedagógico que orientem os docentes em atividades com as TDIC. O trabalho empreendido com a professora e seus alunos ocasionou impacto cultural docente frente às TDIC e possibilitou a reconfiguração da ação discente frente à aprendizagem. Outro indício significativo foi que as ações empreendidas em conjunto, sugeriram uma possível reflexão e transição das crenças pedagógicas acerca do ensino tradicional e do uso das TDIC como dispositivo pedagógico.

O presente trabalho é fruto da pesquisa de Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de são João del-Rei, vinculado à linha de pesquisa Discursos e Produção de Saberes nas Práticas Educativas, e tem como objetivo investigar os sentidos que os jovens militantes do Levante Popular da Juventude, participantes ativos da construção da Semana da Solidariedade Nós por Nós, na Favela da Pedreira, em Belo Horizonte, atribuem à sua condição de ser jovem e como (re) significam sua práxis político-pedagógica no movimento formativo que constroem coletivamente. O Levante Popular da Juventude é um movimento social de jovens cujo comportamento revela traços da tradição da esquerda popular brasileira e latino-americana, por ter como teoria de sua ação elementos da Educação Popular e técnicas de agitação e propaganda para a conscientização e adesão de novos militantes. Nossa mirada teórico-metodológica tem como inspiração Mikhail Bakhtin e sua teoria da enunciação e discurso, bem como Paulo Freire e sua teoria da ação dialógica no processo de conscientização que se dá na e pela interação entre os sujeitos. A partir das noções de diálogo, enunciação e discurso, sociologia da juventude, experiência e práxis político-pedagógica nos movimentos sociais, lemos os jovens como produtores de cultura e de ressignificações de práticas políticas. Valemo-nos da técnica da Pesquisa Participante, uma abordagem predominantemente qualitativa que combina instrumentos de pesquisa como questionários, entrevistas e observação em campo. O material privilegiado para a análise serão as entrevistas de seis jovens integrantes da Célula da Pedreira que deram a significação a três categorias analíticas. Em experenci(ação) da juventude do Projeto Popular, interpretamos os sentidos objetivos e subjetivos da relação entre sujeito, experiência e conscientização para a luta à luz da dialética da condição juvenil. Em quefazer do Projeto Popular para o Brasil, adentramos a dimensão do projeto político e da teoria da ação que medeiam a busca por um projeto de utopia. Em juventude em movimento: a pedagogia dos nós, analisaremos a práxis político-pedagógica coletiva e revolucionária a partir da observação da Semana de Solidariedade Nós Por Nós. O movimento de análise caminha no sentido de compreender a juventude em processo de conscientização de si, do mundo e das desigualdades, percebendo-se a partir dos binômios vivências/luta; mudar-se/mudando; protagonismo/sacrifício, e relação sujeito-coletivo. Entendemos que a linguagem da luta só pode ser utilizada por um sujeito que está embebido do contexto de luta, dos signos da luta, da práxis da luta. Daí que a luta, para estes jovens, esteja tão conectada à sua vida, às suas ações e aos seus pensamentos materializados em ação, em diálogo. O que os jovens nos evidenciam é um conhecimento fruto de sua experiência militante que é forjada a partir de suas referências históricas, da visão que têm de ser jovem e das práticas políticas que engendram transformações em si mesmo e na sua realidade. Esta transformação se dá, sobretudo, no plano cultural, dos costumes, e no fortalecimento do jovem como ator social capaz de construir a cultura como processo e como produto humano e humanizado. Assim, celebram história, vida e ação, atualizando para seus dilemas e seus tempos as utopias que atravessam a história da luta entre oprimidos e opressores.

Partindo da compreensão das estratégias desenvolvidas por três arte-educadores para driblar os desafios, inquietações e incompatibilidades emergentes de suas experiências profissionais em escolas públicas, a presente investigação busca compreender de que forma essas estratégias de caráter contra-hegemônico, aqui concebidas como “inventividades docentes”, ressignificam e/ou reconfiguram certos enquadramentos normativos no campo educacional. Apresentando-se como uma pesquisa qualitativa orientada pela abordagem fenomenológica, esta dissertação configura-se como o desdobramento das atitudes de: (a) retorno ao vivido; (b) descrição do vivido; (c) análise da descrição do vivido e (d) reflexão e compreensão teóricas a partir dos eixos temáticos emergentes da análise. Como situações que pertencem à dimensão do “vivido”, dispõem-se neste trabalho dois tipos de experiências, vivenciadas tanto em âmbito individual quanto em âmbito intersubjetivo. O primeiro caso se refere à minha própria trajetória como professora de Arte atuante nos níveis Fundamental e Médio de duas escolas públicas da rede estadual de Belo Horizonte (MG) entre os anos de 2013 e 2015; o segundo, por sua vez, consubstancia-se em uma interlocução com a arte-educadora Angela Consiglio e com o arte-educador Sergio Tück, respectivamente atuantes na rede pública e municipal das cidades de Guarulhos (SP) e de Bom Jesus dos Perdões (SP). A partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com os arte-educadores, foi possível compreender tanto as “Inquietações, Incompatibilidades e Desafios” quanto as “Inventividades” emergentes de suas experiências, o que conduziu a uma reflexão acerca dos mesmos atrelada à elucidação de dois tipos de enquadramentos: o Projeto Educacional Moderno e o Projeto Educacional Neoliberal. Analisou-se, em seguida, o modo como as “Inventividades Docentes” anteriormente identificadas estabeleceram contrapontos aos condicionamentos postos por estes quadros normativos. Tais contrapontos podem ser sintetizados nos seguintes termos: proatividade dos arte-educadores para uma autoformação continuada, crítica e reflexiva; construção de relações mais afetivas, empáticas e dialógicas no cotidiano escolar; estímulo positivo ao corpo docente e administrativo por meio de atitudes motivadas por um sentido de transformação; protagonismo no processo de consolidação de um espaço físico próprio para as aulas de Arte na escola. Concebe-se ainda o presente trabalho como uma narrativa de si nos termos de Judith Butler, visto que, de forma entrelaçada à experiência dos dois arte-educadores paulistas, envolve dimensões de compreensão crítica, autotransformação e autocriação, não só com relação à minha própria atuação educativa, como também diante dos enquadramentos normativos que a condicionam.

Essa pesquisa busca habitar a extinta Escola da Serra de Tiradentes, inaugurada em 1996 por um casal de suíços, uma professora de São Paulo e um arquiteto curitibano. Foi pensada a partir do movimento das escolas alternativas que começou em 1857 com Leon Tolstoi e perpetuou com autores como: J.J. Rousseau, H. Pestalozzi, Maria Montessori, C. Frenet, Jean Piaget, Emília Ferreiro, Paulo Freire, Rudolf Steiner e J. Krishnamurti. Esse estudo traz as narrações de sua história depois de perambulações por entre documentos e encontros que tivemos com vinte companheiras e companheiros de pesquisa e suas intensidades, sendo elas: a memória, o afecto, a experiência e o estranhamento, buscando as potências das vozes, dos rabiscos e dos estranhamentos que encontramos nessas andanças. Caminhando com a cartografia, assumindo um texto rizomático e uma narrativa no discurso indireto livre, sustentamos a ideia de que essa escola, apesar de extinta, ainda conta muitas histórias e é capaz de plantar em quem perambulou pelos seus caminhos um movimento de ir e vir, de proliferação de pensamentos, de diálogos e intensidades.

O RASTREAR DA REFLEXÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: UM ESTUDO ATOR-REDE NOS RELATOS DE LICENCIANDOS NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO.

A presente pesquisa tem como objetivo geral identificar os fatores de influência na evasão e
na permanência dos alunos no curso de licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância
– da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) – nas turmas oferecidas em 2011, 2012
e 2014. A pesquisa investiga o perfil do aluno evadido e do aluno concluinte do curso,
levantando dados acerca dos seus contextos sociais, econômicos e culturais, e relacionando a
esses dados informações sobre o acesso, a evasão e a permanência próprios de suas trajetórias
nesse curso. Essas informações podem ser relevantes para abrir caminho para a reflexão sobre
a adequação das políticas públicas, das diretrizes, dos currículos, das metodologias usadas e o
processo de apropriação dos conhecimentos em si. A metodologia usada envolve: o
levantamento bibliográfico, a pesquisa documental (análise de documentos no banco de dados
da coordenação do Curso de Pedagogia do NEAD-UFSJ) e a pesquisa de campo que
compreende a aplicação de questionários aos alunos do referido curso. As respostas coletadas
na aplicação dos questionários foram a base para o levantamento das expectativas, dos fatores
determinantes para evasão e permanência e dos pontos de melhoria, conforme a ótica discente.
Na análise, optou-se pelo uso de categorias, divididas entre fatores endógenos e exógenos ao
aluno. Dentre as causas endógenas da evasão destacam: 1- Falta de recursos financeiros; 2-Falta de tempo para dedicar ao curso; Problemas de saúde, pessoais e familiares e 4-Desinteresse pelo curso. Os fatores exógenos compreendem: 1- Falta de interação e integração
no curso; 2- Complexidade do curso, volume grande de atividades e dificuldade com a
plataforma; 3- Distância do polo; 4- Dificuldade na relação com o tutor e 5- Falta de internet.
Os alunos concluintes apontam como fatores endógenos determinantes para a permanência: 1-Motivação pessoal (dedicação, persistência, força de vontade e necessidade de capacitação);
2- Autonomia, organização e planejamento. E os fatores exógenos: 1- Flexibilidade do curso
(horários e possibilidade de conciliar com o trabalho); 2- Apoio e empenho dos professores e
tutores. As informações elencadas e a sua análise propiciam olhar para o sujeito, dotado de
suas subjetividades, além de colocá-lo no centro do processo de ensino-aprendizagem e nortear
a construção de projetos de Educação a Distância mais condizentes com o público-alvo.

O presente estudo se insere no campo da Sociologia da Educação, mediante o estudo da relação família-escola. O objetivo desta dissertação foi entender o significado dos eventos organizados pela Escola Municipal Professora Luzia Ferreira (EMPLF) para as famílias de seus alunos. A partir deste objetivo surgiu a questão problematizadora desta pesquisa, com a seguinte pergunta: quais sentidos as famílias dos alunos enxergam nos eventos da escola e o que estas festividades significam para estas famílias? A escola observada pertence à rede municipal de ensino de Santa Cruz de Minas, MG e possui turmas desde a Educação Infantil até o 9º ano do Ensino Fundamental. Os principais métodos de coleta de dados foram entrevistas com as famílias e a pesquisa de caráter etnográfico através da observação participante das festas. O trabalho se apoia em sociólogos que utilizam a metodologia da Etnografia em suas pesquisas, tais como Norbert Elias, Justa Ezpeleta, Elsie Rockwell e JeanClaude Kaufmann, além de autores ligados à Sociologia da Educação e ao estudo de famílias das camadas populares, tais como Geraldo Romanelli, Nadir Zago, Écio Portes, Pedro Silva e Daniel Thin. A pesquisa se construiu através das entrevistas com 8 famílias que fazem parte da comunidade da EMPLF. Observamos que todos os sujeitos entrevistados enquadram-se socialmente nas chamadas camadas populares, pois possuem pouco capital escolar e poucas posses econômicas. Observamos também que, levando em consideração circunstâncias atuantes como o horário das festas e o interesse na socialização e na participação dos filhos em atividades diversificadas, estas famílias possuem uma grande confiança no trabalho da EMPLF e se empenham para participar dos eventos promovidos pela escola.