A LITERATURA NEGRO-BRASILEIRA COMO NARRATIVA DE RESISTÊNCIA: OS SENTIDOS PRODUZIDOS POR INFLUENCIADORAS LITERÁRIAS NO INSTAGRAM
Literatura infantojuvenil. Lei n.10.639/03. Instagram. Educação para as relações étnico-raciais.
O presente trabalho teve como objetivo analisar, durante os meses de fevereiro a junho de 2025,
os discursos de duas influenciadoras literárias que atuam no Instagram e que divulgam obras de
literatura infantojuvenil negro-brasileira, buscando compreender como esses discursos podem
construir sentidos sobre a importância dessa literatura para a formação da subjetividade das
crianças. Embora as Pretinhas Leitoras e Flor de Maria.3 divulguem obras antirracistas de
diversos autores, o foco da análise foram os discursos em que elas divulgavam obras de autores
negros e negras brasileiros. Nesse sentido, a pesquisa tem abordagem qualitativa e utiliza a
Análise de Discurso Crítica (ADC), com base nos pressupostos de Fairclough (1992, 2001) e
outros autores. Essa abordagem permite identificar relações de poder presentes nos textos e as
intenções ocultas para além do que está no texto. Os resultados alcançados indicam que os
discursos promovidos pelas influenciadoras literárias e as obras de literatura infantojuvenil
negro-brasileira atuam para a valorização da história, cultura, identidade e reconhecimento de
autores negros brasileiros, bem como demonstram que práticas pedagógicas podem emergir a
partir da influência que elas exercem nas experiências escolares de seus seguidores. Revelam
também que, embora não sejam neutras e estejam permeadas pela lógica do mercado, racismo
algorítmico e vieses humanos, mídias sociais, como o Instagram, podem funcionar como
espaços de circulação de discursos que favorecem perspectivas ciberativistas e antirracistas, nas
quais práticas pedagógicas podem ser fortalecidas, em consonância com a institucionalização
da Lei no 10.639/03.