Entre costuras e bordados: histórias de vida de mulheres idosas em oficinas de artes-manuais
Envelhecimento, Histórias de vida; Artes-manuais, Programa Universidade Aberta para a Terceira Idade.
Este trabalho está inserido na área de Educação e tem como foco as histórias de vida de
um grupo de mulheres idosas participantes do Programa de Extensão Universidade para a
Terceira Idade da UFSJ/CDB. O objetivo geral é compreender o que ocorre nas oficinas de
artes-manuais têxteis, ofertadas no contexto do referido programa, nas quais estimulamos as
participantes a (re)visitar e compartilhar suas memórias, recontando suas histórias de vida.
Como objetivos específicos, propomos refletir sobre as estratégias de estruturação das oficinas;
Investigar as potencialidades das atividades manuais como meios de estímulo à memória, à
expressão pessoal e ao compartilhamento de experiências; Mapear alguns possíveis efeitos que
surgem do processo de recontar e compartilhar histórias, questões do cotidiano, preocupações
da vida e verificar se práticas de uma educação sensível, transformadora e com novas
perspectivas de vida, podem emergir desses encontros e, por fim, contribuir para a
(re)ressignificação do olhar para a vida. A questão central que orienta esta pesquisa é: quais
memórias e subjetividades emergem de um grupo de mulheres idosas despertadas e tecidas em
encontros coletivos por meio de oficinas de artes-manuais têxteis? Para responder a essa
pergunta, adotamos como metodologia a cartografia e a narrativa (auto)biográfica. A cartografia
enquanto método, nos permitiu acompanhar os movimentos da pesquisa com sensibilidade e
afeto, desbravando o território investigativo. Já a narrativa (auto)biográfica nos possibilitou
uma aproximação mais íntima com o campo, valorizando as experiências vividas (incluindo as
experiências da pesquisadora) e contribuindo para a compreensão dos fenômenos estudados. O
projeto foi aprovado junto ao Comitê de Ética e executado por meio de sete oficinas de artes-
manuais têxteis, utilizando as técnicas de bordado e costura criativa. Estes encontros revelaram-
se potentes espaços de acolhimento, escuta e fortalecimento de vínculos, tornando-se férteis
para a contação de histórias de vida e surgimento das subjetividades. A fundamentação teórica
baseou-se em Henri Bergson, com o estudo da memória a partir das experiências e do corpo;
Maurice Halbwachs para compreender contexto social da memória; Elisabeth Frohlich
Mercadante com reflexões sobre o envelhecimento; Meire Cachioni para a compreensão dos
programas "Universidade para a Terceira Idade" (UnATI), além de dados da OMS e IBGE que
contextualizam o envelhecimento populacional no Brasil. Concluímos que as oficinas de artes-
manuais têxteis, ao promoverem o compartilhamento de histórias de vida, constituem práticas
educativas sensíveis e transformadoras, capazes de fortalecer o coletivo e ampliar as
perspectivas das mulheres idosas envolvidas. Este trabalho reafirma a importância de espaços
de escuta, criação e expressão na promoção de uma educação que valoriza a subjetividade e a
experiência.