(Re) conhecendo molduras: enquadramento normativo e violência ética em sala de aula
Enquadramento. Normatividade. Sala de aula. Reconhecimento
Nesta pesquisa, à luz dos conceitos de "quadro normativo" e
"violência ética" desenvolvidos por Judith Butler (E.U.A, 1956), investigamos, em uma escola da rede pública de Entre Rios de Minas - MG, como se estruturam modos de reconhecimento na relação entre professores e alunos, partindo da sala de aula como espaço social de análise. Para tanto, num primeiro momento, a partir de uma pesquisa bibliográfica, na obra de Judith Butler e em trabalhos sobre ela, definimos os conceitos em foco nesta pesquisa. Em seguida, numa pesquisa de campo, realizamos entrevistas individuais e em grupo com os alunos, a fim de saber o que eles reconhecem como um “bom professor” e um “professor ruim”; e com os professores a fim de identificar o que eles, por sua vez, reconhecem como um "bom aluno" e um "aluno ruim". Através da análise das entrevistas montamos as molduras a partir das quais professores e alunos enquadram uns aos outros como "bons" ou "ruins". Feito isto, a fase final da pesquisa consistiu em, a partir das molduras apresentadas na fase anterior, novamente, entrevistar alunos e professores, para saber no que eles se reconhecem ou não naquilo que aparece nas molduras dos professores feitas a partir das entrevistas com os alunos e vice-versa. Nesta fase, nosso objetivo foi saber em que medida cada um (professor e aluno) se reconhece na moldura ou se vê constrangido e limitado por ela. Com efeito, entre os resultados do estudo, vimos que somente quem se ‘encaixa’ no quadro normativo será (socialmente) reconhecido, enquanto o que não se encaixa, não será reconhecido e sofre o que – em termos butlerianos – é denominada ‘violência ética’. Não obstante, vimos também que as molduras não atuam de forma unilateral e/ou permanente: como sujeitos, podemos (quase) sempre resistir e lutar por enquadramentos com melhores condições de reconhecimento.