EDUCAÇÃO, ESTRANGEIRIDADE E ARTE URBANA: CARTOGRAFIAS AFETIVAS EM SÃO EM SÃO JOÃO DEL-REI
Cartografia. Estrangeiridade. Educação. Arte urbana
A pesquisa apresentada nesta dissertação foi realizada no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), na qual intencionamos cartografar as relações entre educação, estrangeiridade e a arte urbana a partir das vivências-experiências de dois estudantes-artistas da cidade de São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil, onde predominam as artes sacras. Especificamente, buscamos, por meio de narrativas, identificar as situações em que os estudantes-artistas que praticam grafite e/ou pixação na cidade foram tratados como estrangeiros, e como as suas reações e seus modos de interagir com/na cidade podem promover outros tipos de educação. A cartografia, sugerida por Gilles Deleuze e Felix Guatarri (1995), foi a inspiração metodológica utilizada neste percurso para o acompanhamento desses processos que caracteriza uma pesquisa-intervenção, pois influencia e é influenciada por este contato com os parceiros de pesquisa. Para fundamentação teórica foram incorporados conceitos de estrangeiridade de Julia Kristeva (1994) e Albert Camus (1942), destacando a perspectiva de Kristeva sobre a estranheza como uma condição inerente a todos diante do desconhecido. Os modos de ser estrangeiro, conforme explorados por Camus, forneceram um arcabouço para compreender as diferentes reações à estrangeiridade. Nesse caminho foi possível refletir sobre o potencial da arte urbana para educação em um cenário permeado por tensões e estranhamentos, impulsionados pela fricção que a arte urbana provoca nas formas de pensar a cidade e suas artes, os moralismos e preconceitos que extravasam os limites físicos das instituições formais de ensino e fazem coro a uma educação visual pelas imagens e palavras rabiscadas nos muros.