HORTA ESCOLAR: LUGAR DE ESTIMA, AFETOS E APRENDIZAGEM
Horta escolar. Afetividade. Teoria histórico-cultural. Psicologia Ambiental. Estima de lugar.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a estima de lugar, bem como os afetos, significados e sentidos construídos por estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental em relação à horta da Escola Estadual Idalina Horta Galvão, localizada na cidade de São João del-Rei, Minas Gerais. Para tanto, lança-se mão da Psicologia Ambiental e da perspectiva histórico-cultural de Vygotsky como referenciais teóricos capazes compreender como se estabelecem as relações pessoas-ambientes enquanto geradoras de correlações de afetos que interferem no modo como os jovens pensam, sentem, percebem e se comportam no espaço horta escolar. Essa afetação pode ser positiva ou negativa, o que pode provocar transformações nas inter-relações dos estudantes, favorecendo ou não a participação em atividades pedagógicas, o envolvimento ou o afastamento destes do ambiente da horta escolar e, consequentemente, da própria escola. Foi realizada uma pesquisa qualitativa com 41 alunos que pertenciam a duas turmas diferentes (Regular e Integral) e desenvolveram atividades pedagógicas distintas na horta, integradas ao currículo da escola. Para produção dos dados, utilizou-se o Instrumento Gerador dos Mapas Afetivos para avaliar a estima de lugar dos participantes em relação à horta escolar e como ela os afeta. A estima de lugar refere-se a uma avaliação afetiva negativa ou positiva que uma pessoa tem em relação a um determinado ambiente, seja ele natural ou construído. Os resultados indicam que, no geral, os estudantes desenvolveram uma estima potencializadora demonstrando imagens de pertencimento e de agradabilidade. Alguns alunos manifestaram uma imagem afetiva de contraste, nutrindo, pela horta, sentimentos contraditórios. Outros poucos manifestaram uma estima despotencializadora, atribuindo à horta imagens de destruição. Além disso, obteve-se uma diferença significativa entre as turmas em relação às médias obtidas na Escala de estima de lugar, indicando que um mesmo ambiente escolar é percebido de forma distinta dependo da utilização e atividades pedagógicas nele desenvolvidas. Com base nesses e nos demais resultados obtidos, discute-se as implicações educacionais e apontadas novas possibilidades de pesquisa na área.