O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO POPULAR: A EXPERIÊNCIA NO CURSINHO POPULAR EDSON LUÍS
Educação Popular. Novas tecnologias. Formação de educadoras populares. Pandemia.
A presente pesquisa se desenvolveu em torno da investigação do Cursinho Popular
Edson Luís enquanto potência formativa para educadores, em um contexto de
trabalho híbrido (anos de 2022 e 2023) e totalmente remoto (2021). A problemática se
deu através da necessidade de formação de educadores críticos em um contexto total
ou parcialmente mediado pelas novas tecnologias digitais. O Cursinho Popular Edson
Luís – ligado ao Programa de extensão da Universidade Federal de São João del-Rei
– tem sua metodologia de trabalho baseada nos pressupostos freirianos para a
construção de uma educação libertadora. Nesse sentido foi investigado, através da
pesquisa participante, o cotidiano do cursinho e suas bases epistemológicas que
fundamentam seu trabalho, para a formação de educadores e educadoras populares.
Foram analisados encontros de formação, reuniões de núcleo, frentes atuantes no
território da universidade e bairros próximos, assembleias gerais, além da experiência
da própria pesquisadora como membro do coletivo. Como bases teóricas, recorremos
especialmente a Paulo Freire (1987, 1996) para a construção de uma educação
popular crítica e libertadora, e o francês Michel Serres (1993, 2003, 2013) em suas
considerações sobre as relações entre as novas tecnologias digitais e a educação nos
últimos anos. Também foram levantados artigos, teses e dissertações de outros
autores que contribuíram para o debate educação x tecnologias, e os desdobramentos
da pandemia da Covid-19 no cenário educacional. Após mais de dois anos de
trabalho, os resultados até o momento apontam para grandes dificuldades na
construção de um modelo crítico e reflexivo de educação mediados pelas tecnologias
digitais, uma vez que estando limitados a nos relacionar apenas pelo caminho digital,
nos colocamos distantes das realidades concretas uns dos outros. No entanto,
problematizou-se a necessidade das classes populares ocuparem também os
espaços digitais, visto que diversas frentes reacionárias se utilizam dessas
ferramentas para o sucateamento da educação pública, afastando ainda mais as
pessoas das classes populares dos espaços institucionais de educação.